Jornal Estado de Minas

Cúpula agrícola do G20 promove comércio multilateral aberto

Os ministros da Agricultura do G20 se declararam partidários de um sistema de comércio multilateral aberto para poder erradicar a fome, diante da crescente demanda de alimentos, no encerramento, neste sábado (28), de uma cúpula de dois dias em Buenos Aires.

"Reconhecemos a importância de um sistema de comércio multilateral transparente e aberto, com regras claras", afirmou o ministro argentino da Agricultura, Miguel Etchevehere, em entrevista coletiva, na sede do Ministério das Relações Exteriores.

O apelo para que se defenda a liberdade comercial consta no documento final dos 24 países participantes, aprovado por "consenso, de forma unânime", disse Etchevehere.

Para a ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, "o livre-comércio é uma resposta às tendências protecionistas e uma maneira de proteger a paz".

A mesa da conferência foi compartilhada com Atsushi Nonaka, vice-ministro parlamentar da Agricultura do Japão, cujo país receberá da Argentina a presidência rotativa do G20 em 2019. No ano passado, a tarefa ficou a cargo da Alemanha.

Os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento do G20 são atores-chave em nível mundial no setor da agricultura. Representam 60% das terras agrícolas totais e quase 80% do comércio mundial de alimentos e produtos.

Participou da reunião Sonny Perdue, secretário de Agricultura dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, cantou vitória na quinta-feira em evento com agricultores americanos, após alcançar uma trégua em sua disputa comercial com a União Europeia (UE). A decisão gerou alívio, mas resistência na França, sobretudo, na parte agrícola.

Os parágrafos da declaração que apontam a necessidade de um comércio aberto, também defendem a aplicação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com o objetivo de "erradicar a fome e a pobreza", enquanto a demanda de alimentos cresce a cada dia.

O G20 agrícola manifestou ainda sua preocupação "com o crescente uso de medidas não tarifárias protecionistas, incongruentes com as regras da OMC".

"Nosso compromisso é basear as medidas sanitárias e fitossanitárias nos regulamentos técnicos e recomendações internacionais", afirmaram os ministros. As normas sanitárias e fitossanitárias costumam ser usadas como barreira protecionista.

Outra demanda da cúpula é que se consolide a cooperação internacional para ampliar a luta contra a mudança climática que ameaça os cultivos.

- Crescimento da fome mundial -

Em outro ponto, denunciam que, "após muitos anos em baixa, a fome mundial aumentou e, atualmente, afeta 815 milhões de pessoas" em todo mundo.

"Há 2 bilhões de pessoas que sofrem deficiências de micronutrientes", acrescentam.

Os ministros também destacaram o perigo que representa "a crescente frequência e intensidade dos acontecimentos climáticos extremos e seu impacto na agricultura".

Eles evitaram responder perguntas sobre o estado das negociações para um acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), cujo capítulo agrícola é crucial.

Argumentaram que se trata de um tema à margem do G20, mas fontes ministeriais argentinas disseram à AFP que houve conversas bilaterais intensas, na antessala da próxima reunião de técnicos em Montevidéu, no final de agosto.

Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai são potências exportadoras de alimentos e enfrentam uma histórica cultura europeia de proteção de seus agricultores e do meio ambiente.

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