O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (30) estar disposto a se reunir com os líderes do Irã "quando eles quiserem" e "sem pré-condições", uma semana depois de a tensão entre Washington e Teerã crescer.
"Eu me reuniria com (dirigentes do) Irã se eles quisessem se reunir. Não sei se eles já estão prontos", disse Trump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca junto ao primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. "Provavelmente acabarão querendo se reunir e estou pronto para quando queiram", acrescentou.
"É bom para o país, bom para eles, bom para nós e bom para o mundo. Sem pré-condições. Se eles quiserem se reunir, eu vou. Na hora que quiserem", afirmou.
Trump retirou em maio os Estados Unidos do histórico acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, que pretende impedir que Teerã desenvolva a bomba atômica.
Além disso, os EUA restauraram as sanções econômicas suspensas com a assinatura do acordo, um severo revés para muitas empresas europeias, às quais ordenou que deixassem o Irã sob pena de serem atingidas pelas medidas punitivas dos Estados Unidos.
Washington, que culpa Teerã de ter um papel "desestabilizador" no Oriente Médio, estabeleceu doze condições draconianas para um novo acordo com o Irã.
Uma reunião entre líderes de Irã e Estados Unidos seria a primeira em quase 40 anos, já que ambos os países romperam relaciones diplomáticas em 1980, depois da revolução islâmica de 1979, segundo, Trump, poderia acontecer sem requisitos estabelecidos.
No entanto, seu secretário de Estado, Mike Pompeo, fez algumas considerações à rede CNBC.
"Se os iranianos demonstrarem um compromisso de fazer mudanças fundamentais na forma como tratam seu próprio povo, modificarem seu comportamento malicioso, e aceitarem que vale a pena celebrar um acordo nuclear que realmente impeça a proliferação, o presidente disse que está preparado para sentar-se para conversar", disse.
Esta disposição ao diálogo é posterior ao aumento das tensões entre Teerã e Washington nos últimos dias.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Garret Marquis, disse que os "Estados Unidos estão preparados para tomar medidas que ponham fim às sanções, restabelecer relações diplomáticas e comerciais plenas, permitir que o Irã tenha tecnologia avançada e apoiar a reintegração da economia iraniana ao sistema econômico internacional".
No entanto, advertiu que "este alívio somente é possível se houver mudanças tangíveis, demonstradas e apoiadas nas políticas de Teerã".
- Aos gritos no Twitter -
Na segunda-feira passada, depois de uma advertência provocadora do presidente iraniano, Hasan Rohani, de que não "brincasse com a cauda do leão", Trump respondeu com uma mensagem violenta no Twitter, toda em caixa alta.
"NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS QUE MUITOS POUCOS SOFRERAM AO LONGO DA HISTÓRIA", tuitou Trump em mensagem direta ao presidente iraniano.
"NÃO SOMOS MAIS UM PAÍS QUE SUPORTARÁ SUAS PALAVRAS DEMENTES DE VIOLÊNCIA E MORTE. TENHA CUIDADO!", acrescentou Trump.
Horas mais tarde, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, replicou, também no Twitter e com as letras maiúsculas: "NÃO ESTAMOS IMPRESSIONADOS".
"Existimos há milênios e vimos a queda de impérios, incluindo o nosso, que durou mais do que a vida de alguns países. SEJA PRUDENTE!", disse.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, apontou então que a prioridade de Trump é "a segurança do povo americano" e garantir que Teerã não desenvolva armas nucleares.
A retórica lembra a usada por Trump há um ano contra as ambições nucleares da Coreia do Norte, às quais o presidente americano prometeu responder com "fogo e ira" e "destruição total" em caso de agressão.
Após a campanha de "máxima pressão" de Washington, que combinou isolamento diplomático a duras sanções, e às trocas de ofensas com Kim, à medida que Pyongyang multiplicava seus testes nucleares e balísticos, o mundo testemunhou a reconciliação com o líder norte-coreano no começo deste ano. Após a cúpula de 12 de junho em Singapura, Trump parou de pressioná-lo.
Não se sabe se esse processo se repetirá com o Irã. Teerã substituiu Pyongyang como inimigo número um de Washington, e o termo "pressão máxima" agora é usada com o Irã.
Até o momento, o restante da comunidade internacional, que acompanhou os Estados Unidos na imposição de duras sanções contra o regime norte-coreano no ano passado, se nega a fazer o mesmo contra as autoridades iranianas. Os aliados europeus, em particular, estão tentando salvar o acordo nuclear do Irã.
A próxima Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro em Nova York poderia ser uma oportunidade para se encontrar com Rohani. Resta saber se o presidente iraniano estará disposto. Segundo seu séquito, Trump lhe pediu oito vezes uma reunião à margem da reunião da ONU do ano passado. Em vão.