O professor francês cego Alban Tessier narrou em La Paz a fascinante experiência de cruzar a pé, 140 quilômetros durante sete dias, o boliviano Salar de Uyuni com a ajuda de um sistema de GPS auditivo.
"Estando lá se sente o vento, o frio, o solo, que às vezes é áspero ou úmido", afirmou Tessier, citado nesta terça-feira pelo jornal Página Siete, uma semana depois de concluir sua missão, que, segundo ele, tinha como objetivo demonstrar que pessoas com capacidades diferentes podem realizar "façanhas".
O homem de 41 anos caminhou guiado por um GPS auditivo e puxando um carrinho onde carregava os elementos mais indispensáveis para realizar o percurso. Uma equipe de auxílio, a uma distância prudente, seguiu os seus passos.
Tessier padece de retinite pigmentosa em um grau que lhe gerou deficiência visual, informou sua equipe de apoio.
Na entrevista, ele acrescentou que "não se luta com o Salar, mas se funde a ele para que lhe acompanhe e lhe permita realizar a travessia" e disse sentir "uma sensação de plenitude".
O francês relatou que há aproximadamente 15 anos, quando ainda não tinha perdido a visão, uma amiga lhe falou sobre o deserto de sal, que seu desejo foi visitar o lugar e que agora pôde fazer isso com o apoio de uma organização francesa.
O Salar de Uyuni - uma das maiores reservas de lítio no mundo, segundo o governo boliviano - tem uma extensão de 10.582 quilômetros quadrados e está situado a 3.650 metros de altitude no departamento andino de Potosí. A temperatura no local costuma flutuar entre -3 e 20 graus Celsius.
O Ministério da Cultura do país sul-americano também promoveu a caminhada do cidadão francês, a fim de promover Uyuni como local turístico, um dos principais atrativos da nação.