Um júri de San Francisco condenou nesta sexta-feira à gigante agroquímica Monsanto a pagar a uma vítima de câncer em fase terminal quase 290 milhões de dólares em danos por não alertar que o glifosato contido em seus herbicidas era cancerígeno.
O grupo considerou que a companhia agiu com "malícia" e que seu herbicida Roundup, assim como sua versão profissional RagenrPro, contribuíram "substancialmente" para a doença terminal do jardineiro californiano Dewayne Johnson. "Recebi muito apoio desde o começo deste caso, muitas orações e energia de pessoas que sequer conheço. Estou contente de poder ajudar em uma causa que vai além de mim. Espero que esta decisão dê ao assunto a atenção que necessita", disse Johnson aos jornalistas.
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Johnson, de 46 anos, sofre de um linfoma não Hodgkin incurável, que ele atribui ao fato de ter utilizado repetidamente RoundUp e RangerPro durante seu trabalho em uma escola entre 2012 e 2014. É a primeira vez que a Monsanto, adquirida pela alemã Bayer, se encontra no banco dos réus pelos potenciais efeitos cancerígenos destes produtos que contêm glifosato, uma substância controversa.
O advogado Brent Wisner, que defendeu Johnson, declarou que o resultado é uma "esmagadora evidência" de que o produto é perigoso. "Quando se está certo é mais fácil ganhar".
Especialistas coincidem em que o veredito pode abrir a porta para centenas de novos processos. Robert F. Kennedy Jr. - advogado ambientalista, filho do finado senador dos EUA e membro da equipe legal de Johnson - também "acredita que o veredicto desencadeará uma enxurrada de novos casos". "O juri enviou uma mensagem à direção da Monsanto para que mude a forma como faz negócios".
"O veredicto é uma vitória para toda a humanidade, para toda a vida na Terra", avaliou Zen Honeycutt, fundadora da ONG Moms Across America. "A maioria das nossas doenças e perda da qualidade do solo, água e vida silvestre está relacionada a estes produtos químicos tóxicos".
O caso se baseou nas conclusões da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - um organismo da Organização Mundial da Saúde - que em 2015 classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno". A Monsanto sempre negou qualquer relação entre o câncer e o glifosato.
Bayer: glifosato é 'é seguro e não cancerígeno'
O grupo farmacêutico Bayer declarou, neste sábado (11), que o glifosato é "seguro e não cancerígeno", depois de o fabricante agroquímico Monsanto ter sido condenado nos Estados Unidos por não advertir sobre o perigo de seu pesticida Roundup.
"Baseando-se em provas científicas, avaliações regulamentadoras em escala mundial e em décadas de experiência prática do uso do glifosato, a Bayer estima que o glifosato é seguro e não cancerígeno", declarou à AFP um porta-voz do grupo alemão, novo proprietário da Monsanto.
Um júri de um tribunal de San Francisco condenou a Monsanto a pagar quase 290 milhões de dólares de indenização a Dewayne Johnson.
Em um comunicado, a empresa reagiu, anunciando que recorrerá da sentença. Também reiterou a ideia de que o glifosato, princípio ativo do Roundup, não provoca câncer e não é responsável pela doença do demandante.
Questionada pela AFP, a Bayer antecipou argumentos similares e explicou que "a sentença da Corte contradiz as conclusões científicas, segundo as quais não existe qualquer relação entre o uso do glifosato" e a doença de Dewayne Johnson.
No início de junho, a Bayer fechou a compra da Monsanto por 63 bilhões de dólares e, rapidamente, anunciou que mudaria o nome da empresa.
Classificado como "cancerígeno provável" pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2015, o glifosato é usado em vários produtos. O Roundup é o mais conhecido deles.
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