O branqueamento ou clareamento da pele se tornou um fenômeno muito popular em vários países da África, para o qual usam diversos métodos, que costumam ter efeitos colaterais para a saúde.
- Cremes -
Os cremes clareadores para a pele são, de longe, a prática mais comum. Atuam inibindo a produção de melanina, o pigmento que é sintetizado pela exposição ao sol.
Os ingredientes que os compõem são principalmente hidroquinona, esteroides, chumbo e mercúrio.
Esses cremes podem ser inócuos em doses específicas e durante um tempo limitado, mas podem ser perigosos se utilizados em concentrações mais elevadas ou durante longos períodos, segundo especialistas.
"Estamos nos dando conta de que as pessoas usam os produtos durante muito mais tempo do que o recomendado e que começam a ter efeitos colaterais verdadeiramente nocivos", explica o médico Rasheedah Adesokan, estabelecido em Lagos.
Algumas empresas da África começaram a etiquetar seus produtos como "bio" para tranquilizar os usuários, acrescenta uma de suas colegas na capital econômica nigeriana, a médica Isima Sobande.
Mas "na maioria das vezes, é somente uma etiqueta que esconde ingredientes nocivos", detalha.
- Efeitos colaterais -
No início, os usuários costumam apreciar os primeiros efeitos clareadores e "brilhantes" do creme em sua pele.
Mas para que o resultado dure precisam continuar aplicando o produto, sem o qual a pele recupera seu pigmento, segundo Adesokan.
Conforme o tempo passa, a pele fica irritada, se torna mais fina e "marmorizada". Podem aparecer manchas roxas. "Existe um arroxeamento da pele e é possível ver as veias", explica.
No pior dos casos, as pessoas desenvolvem ocronose, um acúmulo de ácido que faz com que a pele fique mais escura.
A utilização de cremes com esteroides também pode acelerar o crescimento dos cabelos e provocar a formação de estrias.
Esses produtos são muito fáceis de conseguir. Às vezes, os cremes de esteroides antibacterianos e antifúngicos disponíveis em venda livre são usados como agentes clareadores.
- A nova moda do glutatião -
Uma das últimas inovações em termos de clareamento é um produto químico chamado glutatião, administrado em forma de pílula ou injeção, e que é vendido nos mercados ou pela Internet.
Segundo Lester Davids, professor de Psicologia na Universidade de Pretória, na África do Sul, o glutatião é um "potente antioxidante" usado ocasionalmente em tratamentos contra o câncer.
Seu efeito colateral é fazer com que a pele fique mais branca, continua Davids, detalhando que é apresentada como uma alternativa mais segura aos cremes.
Nos últimos anos, "a injeção começou a se impor como um submercado do clareamento da pele", afirma o especialista.
O problema do glutatião, como o dos cremes, é a sua regulamentação. Mas, ao contrário dos cremes, há poucos estudos sobre os efeitos do uso deste novo produto por muito tempo.
"Utilizar o glutatião não é ilegal, seja simplesmente muito prudente, pois não conhecemos" a amplitude do risco, conclui Lester Davids.
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