O secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, negou nesta terça-feira, 14, no Rio, que seu país vá "militarizar o espaço". Na semana passada, o governo Donald Trump anunciou detalhes de como irá se dar a criação de uma força militar espacial, o sexto ramo das Forças Armadas norte-americanas, até 2020. Alvo de críticas, a proposta, que partiu de Trump, ainda precisará ser aprovada pelo Congresso.
Em visita ao Brasil iniciada domingo, Mattis falou sobre o tema diante de cerca de 200 militares brasileiros, na Escola Superior de Guerra, num momento em que os alunos da escola puderam lhe fazer perguntas.
"Nossa intenção não é militarizar o espaço, nem iniciar operações, mas vamos nos defender se for necessário. Tivemos inúmeras demonstrações do que está ocorrendo. Observamos outras nações desenvolvendo a capacidade de retirar satélites do espaço", disse o secretário, citando ocasião em que a China destruiu um satélite com disparo de míssil, e ressaltando a importância deste tipo de equipamento para as comunicações e o monitoramento da Terra.
"Trata-se de um domínio tão real quanto foi para os nossos ancestrais o domínio do mar e da terra. Até podermos ter a confiança de que o espaço é sacrossanto, seria pouco prudente não agirmos.
Na segunda-feira, 13, Mattis se reuniu com o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, em Brasília. No encontro, foi discutido o acordo bilateral a ser assinado e que poderá viabilizar que satélites sejam enviados a partir da base brasileira.
Há seis dias, o vice-presidente dos EUA Mike Pence chegou a dizer, em discurso no Pentágono, que é "o momento de escrever o próximo capítulo da história" das Forças Armadas norte-americanas, e de "se preparar para o próximo campo de batalha", onde será dissuadida "uma nova geração de ameaças".
Ele conclamou o Congresso a apoiar a iniciativa. Em junho, Trump havia tuitado que "a Força espacial está a caminho", e ainda que é preciso "ter um domínio dos EUA no espaço".
A exploração do espaço é um tema sensível, tratado em acordos internacionais, e a criação da nova força é considerada por especialistas no setor uma medida excessiva, uma vez que as forças aéreas já cumprem o papel de desenvolver tecnologia espacial.
Mattis ocupa um dos cargos mais importantes do governo Trump. É sua primeira visita à região desde o início da gestão do republicano, em janeiro de 2017.
Além do Brasil, a viagem do secretário inclui Chile, Argentina e Colômbia..