De passagem pelo Rio, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, negou que seu país vá "militarizar o espaço". Na semana passada, o governo americano anunciou detalhes da criação de uma força militar espacial até 2020. Alvo de críticas, a proposta do presidente Donald Trump ainda precisará ser aprovada pelo Congresso.
"Nossa intenção não é militarizar o espaço, nem iniciar operações, mas vamos nos defender se for necessário. Tivemos inúmeras demonstrações do que está ocorrendo. Observamos outras nações desenvolvendo a capacidade de retirar satélites do espaço", argumentou o secretário, em fala a cerca de 200 militares brasileiros numa visita de cortesia à Escola Superior de Guerra.
Instado a falar do tema por um dos alunos presentes na plateia, ele citou o exemplo da China, que há 11 anos, a título de teste, destruiu um satélite próprio, em órbita, com um disparo de míssil. O país negou então que daria início a uma corrida armamentista espacial. Mattis ressaltou a importância de se proteger os satélites por seu papel nas comunicações na Terra e no monitoramento de fenômenos naturais.
"Trata-se de um domínio tão real quanto foi para os nossos ancestrais o domínio do mar e da terra. Até podermos ter a confiança de que o espaço é sacrossanto, seria pouco prudente não agirmos.
Na segunda-feira, Mattis se reuniu com o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, com quem tratou do acordo bilateral que poderá viabilizar que satélites sejam enviados a partir da base brasileira.
Noutro tom, no último dia 9, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, chegou a dizer, em discurso no Pentágono, ao lado de Mattis, que é "o momento de escrever o próximo capítulo da história" das Forças Armadas americanas, e de "se preparar para o próximo campo de batalha", com "uma nova geração de ameaças". Pence conclamou o Congresso a apoiar a iniciativa. Em junho, Trump havia declarado que é preciso "ter um domínio dos EUA no espaço".
O país se ressente de avanços da China e da Rússia na fabricação de foguetes e mísseis. A exploração do espaço é um tema sensível, contemplado em tratados transnacionais, e a criação da nova força é considerada por especialistas americanos no setor uma medida excessiva, uma vez que as forças aéreas já cumprem o papel de desenvolver tecnologia para uso extraterreno. Entre os democratas, a proposição foi recebida como uma "ideia maluca" de Trump.
Na segunda-feira, o chefe do Pentágono elogiou a atuação brasileira frente à crise de refugiados da Venezuela, concentrados em Roraima. "Vemos ações desestabilizadoras vindas da Venezuela, com uma resposta adequada do Brasil.
É a primeira visita de Mattis à América do Sul desde o início da gestão do republicano, em janeiro de 2017. Além do Brasil, a viagem do secretário inclui Chile, Argentina e Colômbia..