A polícia chilena realizou nesta terça-feira (14) inspeções nos escritórios da Conferência Episcopal e da congregação Irmãos Maristas em busca de informação sobre as denúncias de abusos sexuais que sacodem a Igreja Católica local.
A primeira diligência, que durou quase quatro horas, foi feita nos escritórios centrais da Conferência Episcopal, no centro de Santiago.
"Estamos obtendo e complementando antecedentes que já havíamos recebido, particularmente para a identificação de vítimas que fizeram denúncias por abusos de diferentes tipos, especialmente de conotação e caráter sexual", relatou a jornalistas Raúl Guzmán, promotor regional.
"Os antecedentes têm relação com os fatos que estamos investigando que podem constituir crimes, e isso envolve vítimas e eventuais acusados", acrescentou o promotor.
Em uma declaração posterior, o porta-voz do Episcopado chileno, Jaime Coiro, detalhou que os antecedentes "foram solicitados previamente e entregues oportunamente pela Conferência Episcopal" à Justiça.
Coiro reiterou, além disso, a completa "vontade de colaboração" da Igreja chilena nos interrogatórios feitos pela Justiça por denúncias de abusos sexuais de religiosos, expressada pelos bispos em uma recente assembleia extraordinária.
Depois de inspecionar os escritórios da Conferência Episcopal, o promotor Guzmán foi até a sede da Congregação dos Irmãos Maristas, na comuna de Providência, em Santiago, para comandar a ação judicial também neste local.
A Congregação Marista é investigada por várias denúncias de abusos sexuais contra menores nos colégios que administra no Chile. O Vaticano decretou recentemente a expulsão do religioso marista Abel Pérez, que confessou ter abusado sexualmente de 14 menores em dois dos colégios da congregação no Chile desde a década de 1970.
Pérez, de origem espanhola, admitiu os abusos em 2010, mas os maristas decidiram denunciar o fato às autoridades sete anos depois, quando duas das vítimas revelaram os ataques. O religioso está atualmente no Peru.
Durante a semana passada, a polícia chilena inspecionou os escritórios do bispado encarregado dos serviços religiosos às Forças Armadas.
Entre junho e julho foram ordenadas batidas em diferentes escritórios religiosos em Rancagua e Santiago, no início de uma investigação que busca determinar se houve encobrimento dos abusos cometidos na Igreja chilena, que vive a sua pior crise por esses atos.
Até agora a Promotoria mantém abertas 38 investigações por casos de abusos na Igreja Católica chilena. Cinco bispos renunciaram a seus cargos e o sacerdote Oscar Muñoz, ex-braço direito do arcebispo de Santiago Ricardo Ezzati, está em prisão preventiva pelo abuso de, ao menos, sete menores.
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