O real continuou caindo nesta quinta-feira em relação ao dólar, cotado a 4,122 reais ao fechamento dos mercados (-1,58%), em sua sétima desvalorização consecutiva, atribuída às crescentes incertezas sobre as eleições presidenciais de outubro.
Trata-se do menor nível do real frente ao dólar desde janeiro de 2016. Na terça-feira passada, o dólar foi cotado pela primeira vez em dois anos e meio acima dos 4 reais.
Ao longo deste ano, a moeda brasileira sofreu uma depreciação de aproximadamente 21% em relação ao dólar. Analistas acreditam que essa desvalorização ainda pode se acentuar.
O Banco Central interviu em junho nos mercados com operações de swap (venda de dólares a futuro), mas não agiu neste novo episódio.
A Bolsa de São Paulo fechou com queda de 1,65% nesta quinta-feira.
A agitação deve-se, sobretudo, à "grande incerteza" em torno das eleições, após a divulgação, nesta semana de pesquisas que reduziram as possibilidades de vitória de um candidato alinhado com os ajustes fiscais iniciados pelo presidente Michel Temer, afirmou Fabrício Stagliano, analista-chefe da Walpires Corretora.
"É Arriscado fazer uma avaliação agora. No curto prazo, o dólar tem força para subir um pouco mais", avalia.
Stagliano não descarta que la desvalorização chegue aos mínimos históricos do real (de 4,166 reais o dólar no fechamento dos mercados de 21 de janeiro de 2016 e de 4,249 durante a sessão 24 de setembro de 2015, segundo dados da empresa CMA de difusão de informações para mercados financeiros).
As pesquisas mostraram um forte crescimento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre uma pena de doze anos e um mês de prisão por corrupção, mesmo com a grande probabilidade de ele ser declarado inelegível pela justiça eleitoral.
"Há preocupação que Lula seja o próximo presidente" e "algumas pesquisas politicas acreditam que, mesmo se Lula não estiver na jogada, Haddad pode ganhar muitos votos", acrescentou Stagliano.