O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (27) que os Estados Unidos chegaram a um acordo muito bom com o México, e que as conversações com o Canadá sobre um novo pacto regional de livre-comércio começarão em breve.
"É um grande dia para o comércio. É uma acordo muito bom para ambos os países", disse Trump.
"Canadá, começaremos as negociações em breve. Telefonarei para seu primeiro-ministro muito em breve", acrescentou.
Pouco depois, o gabinete do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau indicou que os dois líderes tiveram uma "discussão construtiva". "Os dirigentes receberam favoravelmente os progressos realizados nas discussões com o México e esperam com interesse que suas equipes prossigam as negociações esta semana".
Nesta tarde, Peña Nieto lembrou o "árduo" caminho que seu país e os Estados Unidos atravessaram em relação ao Nafta desde que Trump chegou ao poder.
"A chegada há pouco mais de um ano e meio do novo governo dos Estados Unidos francamente semeou a incerteza e a dúvida sobre o que traria à relação comercial entre o México, os Estados Unidos e o Canadá", disse Peña Nieto.
Mas "hoje chegamos a um ponto de entendimento (...) entre o México e os Estados Unidos e esperamos que muito em breve, do mesmo modo, aconteça a negociação com o Canadá e que isso nos permita nos próximos dias fechar formalmente (...) o acordo de livre comércio entre o México, os Estados Unidos e o Canadá", acrescentou.
A equipe do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, celebrou o acordo.
"Vemos como um avanço positivo o entendimento que hoje se anuncia pois reduz a incerteza sobre a economia", disse nesta segunda-feira em coletiva de imprensa Marcelo Ebrard, designado como próximo chanceler.
Para Obrador, é importante que o Canadá se some ao acordo.
"É importante que o Canadá esteja, é importante que se convoque, como já se está fazendo, o governo do Canadá para que se mantenha o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (...) nos interessa muito que seja um tratado de três países", disse López Obrador à imprensa na cidade de Tuxtla Gutiérrez, en Chiapas.
Os negociadores dos Estados Unidos e do México trabalharam nas últimas cinco semanas para resolver divergências no contexto da revisão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) que começaram há um ano, enquanto o Canadá, terceiro sócio do acordo, espera para se juntar às negociações assim que esses temas bilaterais estiverem resolvidos.
"Vê-se um grande acordo com o México", tuitou Trump esta manhã, depois que os negociadores americanos e mexicanos retomaram as reuniões em Washington, após as negociações do final de semana.
Cauteloso, o secretário da Economia do México, Ildefonso Guajardo, insistiu que os esforços para conseguir um novo Nafta não estarão concluídos até que o Canadá se junte à mesa.
"Não vamos revelar nada porque muitas dessas coisas envolvem o Canadá.
O chanceler mexicano, Luis Videgaray, afirmou que o acordo se trata de uma "boa notícia" para seu país, mesmo com a incerteza sobre a permanência do Canadá.
"O que nós mexicanos já sabemos é que em qualquer desses cenários haverá um tratado de livre-comércio entre México e Estados Unidos, independentemente do que acontecer com a negociação com o Canadá", disse em coletiva de imprensa em Washington.
A ministra canadense das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, viajará nesta terça-feira a Washington para continuar as negociações sobre a modernização do tratado, segundo seu porta-voz.
O anúncio chegou pouco depois que Estados Unidos e México anunciaram um entendimento bilateral para atualizar esse pacto vigente desde 1994.
"Como sempre dissemos, os avanços entre México e Estados Unidos são um requisito necessário para qualquer atualização do Nafta", afirmou o porta-voz da ministra, Adam Austen.
A Bolsa de Nova York reagiu com recordes dos índices Nasdaq e S&P 500. O tecnológico Nasdaq avançou 0,91%, a inéditas 8.017,90 unidades, enquanto o S&P 500 teve alta de 0,77%, a 2.896,74; um outro recorde. O índice industrial Dow Jones subiu 1,01%, a 26.049,64 unidades.
- Automóveis e energia -
O Nafta está sob revisão desde agosto de 2017 a instâncias de Trump, que o considera "um desastre" para seu país e ameaçou abandoná-lo ou fazer acordos separadamente com cada um dos dois sócios.
Os negociadores trabalharam contra o relógio para fechar um novo Nafta antes do fim de agosto, quando Peña Nieto entrega o cargo a Obrador, em 1 de dezembro.
Guajardo e Lighthizer começaram a se reunir no final de julho para resolver assuntos bilaterais, depois que as negociações entre os três sócios estagnaram em maio, em parte pelas eleições no México.
Um dos grandes entraves nas negociações bilaterais foi o tema das regras de origem da indústria automotiva, que os Estados Unidos pretendem endurecer, tirando do México as vantagens obtidas pelos baixos salários e o comércio livre de tarifas.
Segundo a imprensa, o novo acordo aumentará o requisito de conteúdo regional em veículos produzidos na América do Norte, passando dos atuais 62,5% para cerca de 70%. Além disso, se exigirá que 40% do valor venha de zonas com salários de cerca de 16 dólares a hora.
Jesús Seade, delegado de López Obrador nas negociações do Nafta não confirmou no sábado essas informações, mas disse que o tema automotor estava "basicamente resolvido", embora tenha admitido que ainda havia "prazos e coisas" por resolver.
Outro assunto espinhoso tem a ver com a alegada intenção de Washington de incluir um novo capítulo sobre energia no modernizado Nafta, contrariando López Obrador, que prevê reformas nesse setor muito sensível para os investidores.
Seade disse no domingo que "o grande tema energético" está "pré-acordado".
"É o que estamos avançando", apontou, após assegurar no sábado que já se havia alcançado "algo satisfatório" embora sujeito a ajustes técnicos.
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