Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (4) a convocação de uma reunião no Conselho de Segurança da ONU para analisar a situação na Nicarágua, abalada nos últimos quatro meses por manifestações contra o presidente Daniel Ortega.
A sessão está prevista para quarta-feira às 10h00 (11h00 de Brasília) na agenda da embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, que neste mês ocupa a presidência do Conselho de Segurança.
No entanto, vários membros, incluindo Rússia, China e Bolívia, se opuseram à iniciativa, que foi apresentada por Haley a portas abertas em nome da "transparência".
O representante da Bolívia na ONU, Sacha Llorenti, questionou o papel do Conselho de Segurança nos assuntos soberanos da Nicarágua.
"A situação na Nicarágua não representa uma ameaça à segurança e à paz internacional", disse o embaixador boliviano, um argumento compartilhado pelo representante russo e seu homólogo chinês.
Outros países também indicaram suas objeções em abordar a questão da Nicarágua no Conselho de Segurança, incluindo Guiné Equatorial e Kuwait.
Ao desconsiderar essas conclusões, Haley disse que os Estados Unidos receberam "exatamente as mesmas respostas" ao querer tratar o caso da Venezuela, mergulhada em uma profunda crise econômica que Washington atribui à "ditadura" de Nicolás Maduro.
"Se não acreditam que a Nicarágua é uma questão de paz e segurança, peço que falem com os nicaraguenses", disse Haley ao defender sua proposta.
"Quantas pessoas têm que morrer antes que se torne uma questão de paz e segurança?", questionou.
"Acho que já chegamos a esse ponto. É por isso que os Estados Unidos sentiram que era muito importante ter esta reunião na Nicarágua. Porque não queremos outra Síria. Não queremos outra Venezuela e acreditamos que é da responsabilidade do Conselho de Segurança fazê-la (a sessão)".
Na ausência de consenso sobre o programa, a reunião sobre a Nicarágua foi convocada, mas pode não ser realizada na quarta-feira se antes do início uma maioria de nove membros se opuser a ela.
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