A situação jurídica do ex-presidente peruano Ollanta Humala foi agravada depois que o Ministério Público recebeu novas provas de supostas contribuições ilícitas da construtora brasileira Odebrecht para sua campanha eleitoral, afirmou uma ex-procuradora do caso nesta quarta-feira.
"A situação dele está piorando", disse a ex-promotora Katherine Ampuero à rádio RPP em Lima, sobre a situação do ex-presidente (2011-2016).
"São subornos adiantados" para concessão de obras para a Odebrecht durante o governo de Humala, afirmou Ampuero.
Segundo o portal de jornalismo investigativo peruano IDL-Reporteros, o empresário brasileiro Marcelo Odebrecht entregou documentos que sustentam a contribuição de 3 milhões de dólares para Humala em 2011.
Os documentos se somam ao depoimento do ex-chefe da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, que em fevereiro declarou aos promotores peruanos em São Paulo que ele havia entregue 3 milhões de dólares a Humala para a campanha que o levou ao poder em 2011.
As provas entregues por Marcelo Odebrecht, na época à frente da empresa, fazem parte de um acordo de cooperação entre os promotores brasileiros e peruanos, reativado em agosto.
Marcelo Odebrecht assinou acordos de delação premiada com o Ministério Público brasileiro. Qualquer informação falsa afetaria a prisão domiciliar, da qual se beneficia.
Humala e sua esposa Nadine Heredia foram investigados por mais de cinco anos. O casal cumpriu nove meses em prisão preventiva até abril, mas até agora a promotoria não apresentou uma acusação.
Humala, um tenente coronel na reserva, negou a validade dos documentos.
"Prova seria se alguém de meu entorno tivesse um depósito da Odebrecht, ou alguém relacionado a mim, mas aqui não é assim, é uma transferência de uma 'offshore' (empresa no exterior) do senhor Odebrecht a outra 'offshore'. Não tenho nada a ver com isso", disse Humala ao canal N de Noticias nesta terça-feira.