O candidato à presidência Jair Bolsonaro foi submetido nesta quinta-feira (6) a uma cirurgia após ter sido vítima de uma facada em um ato em Juiz de Fora, Minas Gerais, em meio à campanha para as eleições de 7 de outubro.
Jair Messias Bolsonaro deu entrada no hospital às 15h40 com hemorragia interna, três perfurações no intestino delgado, uma lesão grave no intestino grosso e outra em uma veia do abdômen, informaram os médicos da Santa Casa de Juiz de Fora, precisando que as lesões foram identificadas e tratadas durante a operação.
O boletim acrescenta que Bolsonaro também foi submetido a uma colostomia temporária.
Bolsonaro permanecerá no hospital de Juiz de Fora pelo menos por mais um dia, já que não pode ser removido no momento.
A equipe médica avaliou o tempo de convalescença de oito a dez dias.
Imagens captadas com celulares se espalharam rapidamente pelas redes sociais mostrando como Bolsonaro era carregado por partidários após receber a facada no abdômen.
O suposto autor do ataque foi detido rapidamente, disse à AFP a tenente Sandra Jabour, da Polícia Militar (PM) de Minas.
Luis Boundens, presidente da Federação de Agentes da Polícia Federal (PF), disse à AFP que as motivações do agressor estão sendo investigadas, incluindo se tem "problemas psicológicos".
O suspeito foi identificado como Adélio Bispo de Oliveira, militante do PSOL entre 2007 e 2014, confirmou à AFP o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao ser detido, o agressor disse que estava "cumprindo uma missão divina, uma missão de Deus", revelou Boundens.
O presidente Michel Temer se reuniu em Brasília com o ministro da Segurança Pública, Raúl Jungmann, para pedir "um reforço da Polícia Federal na segurança dos candidatos e uma investigação rigorosa dos fatos", informou à AFP a Secretaria de Comunicação da Presidência.
- Repúdio generalizado -
O atentado foi repudiado pelo presidente Michel Temer e pelos demais candidatos.
"É intolerável que em um Estado democrático de direito não haja a possibilidade de uma campanha tranquila", disse Temer.
"Mas que isto sirva de exemplo para que as pessoas que estão fazendo campanha percebam que a tolerância deriva da própria democracia e do Estado de Direito. Não temos Estado de direito se há intolerância. A intolerância geralmente deriva da falta de cumprimento da lei e da Constituição".
Geraldo Alckmin pediu o fim das atitudes de "ódio" e defendeu uma "investigação rápida e um castigo exemplar".
"Repudio totalmente qualquer ato de violência e desejo um breve restabelecimento para Jair Bolsonaro", escreveu no Twitter Fernando Haddad, candidato à vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ciro Gomes anunciou o cancelamento de todas as suas atividades do dia e desejou que Bolsonaro "se recupere para superar este momento e voltar rapidamente ao debate nacional".
Capitão da reserva do Exército e deputado federal, Jair Bolsonaro, de 63 anos, tem 22% das intenções de voto, segundo a pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira.
Segundo Thiago Vidal, analista político da consultora prospctiva, o atentado desta quinta-feira "pode redefinir o processo eleitoral".
"Isto dependerá da maneira como repercutirá nas próximas semanas. Se a narrativa favorecer Bolsonaro, a polarização com a esquerda deve lhe dar maiores chances de chegar ao segundo turno, mas também é preciso considerar a possibilidade de que o episódio radicalize ainda mais a disputa, assustando os eleitores indecisos, levando-os para candidatos mais moderados".
Caso Bolsonaro não possa participar da eleição, os prováveis substitutos são o atual vice da chapa, general Hamilton Mourão, ou um dos filhos do candidato para que o sobrenome "Bolsonaro" seja mantido.
A Bolsa subiu e o real se firmou em relação ao dólar após o atentado. Segundo a agência Bloomberg, muitos investidores acreditam que o ataque pode provocar uma onda de simpatia e ajudar Bolsonaro na corrida eleitoral.
No Twitter, o hashtag #ForçaBolsonaro liderava as tendências, com 124.000 tuítes.