Integração, impostos e Estado de bem-estar. Na Suécia, os líderes dos partidos apostavam nesta sexta-feira (7) suas últimas cartas para as eleições legislativas de domingo, nas quais a extrema-direita poderia conquistar uma posição entre os partidos tradicionais.
Os candidatos dos oito partidos em disputa se enfrentam na televisão para tentar convencer um quarto dos 7,5 milhões de eleitores ainda indecisos.
Nem o bloco "verde-vermelho" do primeiro-ministro social-democrata em fim de mandato, Stefan Löfven, nem o bloco do conservador Ulf Kristersson deverão obter a maioria no Riksdag, e terão de compor alianças.
Os Democratas da Suécia (SD), partido anti-imigração que emergiu da nebulosa nacionalista, tem 20% das intenções de voto, segundo as pesquisas de sete institutos realizadas nos últimos dez dias, o que representa um crescimento de sete pontos em relação às legislativos de 2014.
Embora não tenha chances, neste momento, de entrar para o governo, sua influência aumentaria de uma maneira sem precedentes.
No entanto, as pesquisas de opinião devem ser encaradas com cautela, já que as diferenças são grandes: quase nove pontos de diferença entre as menos favoráveis para o SD (16,3%) e a mais otimista (24,8%).
Stefan Löfven pediu aos suecos, na quinta-feira, que votem em um "governo estável [...] capaz de liderar a Suécia nestes tempos de incerteza".
- Cruzar a linha vermelha -
Na quinta-feira à noite, esse ex-metalúrgico teve de defender seu governo na televisão, criticado por ter aberto as fronteiras da Suécia para 250.000 requerentes de asilo entre 2014 e 2015, antes de fechá-la novamente.
"A integração é uma questão vital da nossa era", disse Ulf Kristersson, enquanto o líder da extrema-direita, Jimmie Akesson, acusou o governo de negligência na luta contra o crime, exigindo que "aqueles que não se adaptarem vão para outro país".
O primeiro-ministro também zombou dos partidos da Aliança (conservadores, liberais, centristas e democratas-cristãos), que "prometem reduzir os impostos e, ao mesmo tempo, defendem o Estado de bem-estar social".
Direita e esquerda teriam respectivamente 37% e 40% dos votos.
"É difícil identificar o cenário mais provável", disse à AFP Ulf Bjereld, cientista político da Universidade de Gotemburgo.
A maioria dos observadores antecipa, porém, um novo governo minoritário, formado por Löfven, com uma minoria ainda menor do que a atual.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro disse estar disposto a cooperar com o Partido do Centro e os Liberais.
Já o SD disse que poderia colaborar tanto com a esquerda quanto com a direita, desde que pudesse definir a política de migração do país. Até agora, porém, apesar das tentações à direita, nenhum dos blocos está disposto a cruzar a linha vermelha.