A procuradoria de Palermo, sul da Itália, iniciou uma investigação por sequestro de pessoas contra o ministro do Interior, Matteo Salvini, que questionou a decisão e fez um chamado a seus eleitores.
Salvini, líder da extrema direita italiana, abriu, leu e comentou um e-mail da procuradoria em um vídeo transmitido ao vivo em sua página de Facebook.
Em 25 de agosto um procurador de Agrigento (Sicília) abriu uma investigação contra Salvini, que se negou a autorizar o desembarque na Itália de mais de 140 migrantes socorridos pelo navio "Diciotti", dos guarda-costeiros italianos, na noite de 15 de agosto.
Os migrantes conseguiram desembarcar após um acordo com Irlanda, Albânia e a Igreja católica italiana, que se comprometeram a recebê-los.
A investigação contra Salvini foi transferida a uma jurisdição de Palermo habilitada a julgar os membros do poder executivo. Esta instância manteve a acusação de sequestro agravado.
"Um órgão de Estado investiga outro órgão de Estado. Com a pequena diferença de que vocês elegeram este órgão de Estado", disse Salvini no vídeo, apontando para si mesmo. "Ninguém elegeu os outros e eles não respondem ante ninguém".
"Foram vocês que me pediram para controlar as fronteiras, controlar os portos, limitar os desembarques, limitar as partidas, expulsar clandestinos", acrescentou.
Na quinta-feira, a Justiça autorizou a procuradoria de Gênova (noroeste) a embargar 49 milhões de euros que a Liga (o partido de Salvini) recebeu indevidamente após a condenação por fraude de ex-responsáveis do partido que Salvini dirige desde 2013.
"Salvini faz isto sobre a imigração por cálculo político", acusou Matteo Renzi, ex-presidente do Conselho e um dos pilares do Partido Democrata (centro-esquerda).
"Sabe que a Liga deve restituir 49 milhões de euros. Sabe que houve uma condenação. E sabe que os italianos não perdoam quem rouba seu dinheiro. Então tenta parecer um mártir e busca o confronto com os magistrados sicilianos. Que vergonha!", acrescentou.
Nesta sexta-feira de manhã, em Roma, a polícia deteve 16 jovens que faziam fila em frente a um dispensário em um acampamento improvisado administrado pela associação Baobab Experience.
"Não estamos falando de pessoas procuradas ou de fugitivos", insistiu a associação em um comunicado. "São migrantes em trânsito, a Itália é apenas uma etapa para eles".