Milhões de muçulmanos xiitas participarão nesta quinta-feira (20) das celebrações da Ashura, um dia sagrado para essa comunidade.
- O que é a Ashura? -
Ashura é um ritual realizado por milhões de xiitas de todo mundo em memória do mártir Hussein, neto do profeta Maomé, morto em 680 pela dinastia sunita dos Omíadas.
A Ashura - o décimo, em árabe - acontece no décimo dia do mês de Muharram, o primeiro mês do calendário muçulmano.
É o ponto culminante do luto dos xiitas que, todos os anos, revivem - muitas vezes apaixonadamente - a morte violenta de Hussein, o terceiro imã do xiismo, após sua derrota em Kerbala (Iraque).
A tradição diz que Hussein foi decapitado, e seu corpo, mutilado.
Em princípio, a Ashura é um período de jejum opcional de dois dias, instituído pelo profeta Maomé, mas sua comemoração acabou se tornando a base da identidade dos xiitas.
Os xiitas comemoram este dia sagrado na expiação e na dor: vestidos de preto, batem os peitos com a palma das mãos, ou as costas, com correntes, gritando "Oh, Hussein!".
Alguns se flagelam, e outros batem com espadas no couro cabeludo até tirar sangue.
- Por que os xiitas estão ameaçados no Afeganistão? -
Desde 2016, a minoria xiita no Afeganistão (aproximadamente três milhões de pessoas) tem sido alvo de ataques do grupo extremista Estado Islâmico (EI), o qual considera apóstata.
Composto de sunitas extremistas, o EI apareceu em 2014 no leste do país e tenta, com esses ataques, transformar o conflito afegão em um conflito sectário.
A Ashura de 2016 foi marcada por três ataques a mesquitas xiitas em Cabul e em Mazar-i-Sharif, que deixaram 31 mortos entre os peregrinos.
E, 40 dias depois, durante a celebração do Arbain - o fim do luto - um suicida provocou a morte de pelo menos 27 fiéis.
No ano passado, na véspera da Ashura, um homem-bomba matou seis pessoas perto de uma mesquita em Cabul.
- O que é o xiismo? -
O xiismo, um cisma do islamismo ortodoxo, nasceu de um conflito político-religioso pela sucessão do profeta Maomé.
Ali, primo e genro de Maomé, foi nomeado califa em 656, mas sua autoridade foi refutada e, no final, o governador de Damasco, Muawiya, tornou-se califa após negociações.
No entanto, uma minoria de muçulmanos rejeitou essa mediação e formou os "defensores de Ali", a origem da palavra "xiita" em árabe.
Ali foi assassinado em 661. Seu filho Hussein continuou sua luta, até a batalha de Kerbala, da qual as tropas do califa Yazid saíram vencedoras.
As cidades iraquianas de Najaf e Kerbala, que abrigam os túmulos de Ali e Hussein, são os dois locais sagrados mais importantes do xiismo.