O Irã convocou neste sábado (22) três diplomatas europeus, representando a Dinamarca, a Grã-Bretanha e a Holanda, depois do atentado durante um desfile militar em Ahvaz, no oeste do país, que matou ao menos 29 pessoas.
Os embaixadores dinamarquês e holandês e o encarregado dos assuntos britânicos ouviram "os fortes protestos do Irã contra o fato de que seus respectivos países abrigam alguns membros do grupo terrorista que perpetrou o ataque terrorista", informou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, citado pela agência IRNA.
"Não é aceitável que a União Europeia não coloque em sua lista negra os membros desses grupos terroristas", lamentou a diplomacia iraniana, que informa que os embaixadores "lamentaram o incidente e expressaram a vontade de seus respectivos países de cooperar com o Irã para identificar os autores".
Mais cedo, o presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu (22) uma resposta "terrível".
Classificado de "terrorista" pelas autoridades iranianas, o atentado aconteceu em Ahvaz, capital da província do Juzestão, onde vive uma população de maioria árabe. O grupo Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do ataque.
"A resposta da República Islâmica à menor ameaça será terrível", declarou Rohani, de acordo com um comunicado publicado em sua página oficial on-line.
"Aqueles que dão apoio em matéria de Inteligência e propaganda a esses terroristas terão que responder por isso", acrescenta a nota.
Em uma mensagem oficial de condolências, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, viu no atentado "uma continuação da conspiração dos governos da região contratados pelos Estados Unidos e que buscam semear a insegurança no nosso querido país".
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, acusou um regime estrangeiro apoiado por Washington de estar por atrás do ataque.
"Terroristas recrutados, treinados e pagos por um regime estrangeiro atacaram Ahvaz. O Irã considera que os promotores regionais do terrorismo e seus mestres americanos são responsáveis por tais ataques", tuitou Zarif.
Antes disso, os Guardiães da Revolução - o Exército ideológico da República Islâmica - disseram que os agressores estariam ligados a um grupo separatista árabe apoiado "pela Arábia Saudita".
"Até agora, este atentado terrorista deixou 29 mártires e 57 feridos", anunciou o canal de TV oficial em língua árabe Al-Alam, citando o deputado Mokhtaba Zolnuri, membro da Comissão de Segurança Nacional e Assuntos Exteriores.
"Entre os mártires, há uma criança e um ex-combatente que morreu em sua cadeira de rodas", declarou o porta-voz das Forças Armadas iranianas, o general de Brigada Abolfazl Shekarshi, à televisão pública.
- 'Alimentados pela Arábia Saudita' -
"Dos quatro terroristas, três foram enviados para o inferno no mesmo lugar do ataque, e o quarto, que ficou ferido e foi detido, se uniu a eles no inferno pouco depois, devido à gravidade de seus ferimentos", acrescentou esse general dos Guardiães da Revolução.
Citado pela agência de notícias Isna, o vice-governador da província do Juzestão, Ali-Hossein Hoseinzade, disse que um jornalista e "oito, ou nove, militares" estavam entre os mortos.
Vários veículos da imprensa iraniana publicaram que os agressores usavam uniforme militar.
"Aqueles que abriram fogo contra o povo e as Forças Armadas estão ligados ao movimento Al-Ahvazieh", declarou, por sua vez, o porta-voz dos Guardiães da Revolução, Ramezan Sharif, também citado pela Isna.
"Estão sendo alimentados pela Arábia Saudita e tentaram ofuscar a potência das Forças Armadas" iranianas, acrescentou.
O atentado aconteceu no dia da parada militar para relembrar o início, por parte de Bagdá, do conflito Irã-Iraque (1980-1988) e da resistência da "defesa sagrada" iraniana durante esta "guerra imposta" - segundo os termos oficiais.
Primeiro chefe de Estado estrangeiro a reagir ao ataque, o presidente russo, Vladimir Putin, disse estar "horrorizado" e apresentou seus pêsames ao colega Rohani, de acordo com o Kremlin.
"Isso nos recorda da necessidade de uma batalha sem trégua contra o terrorismo em todas as suas formas", disse Putin, um aliado, junto com o Irã, do governo sírio de Bashar al-Assad.
Em mensagem de condolências a Rohani, Assad condenou "nos termos mais duros um ato terrorista, criminoso e covarde".
A Chancelaria turca condenou, por sua vez, "um ataque terrorista abominável".
No Líbano, o Hezbollah acusou "as mãos diabólicas que querem desestabilizar o Irã por sua rejeição da polícia americana".
A França apresentou suas "condolências às famílias das vítimas e ao povo iraniano", condenando o atentado.
O Juzestão foi uma das províncias iranianas mais afetadas pelos combates durante a guerra Irã-Iraque. O então líder iraquiano, Saddam Hussein, acreditava que a população árabe da região receberia seus soldados como libertadores, mas esta se mostrou fiel ao Irã em seu conjunto.
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