O presidente americano, Donald Trump, conquistou uma vitória neste sábado (6) depois que o Senado confirmou seu candidato, o juiz Brett Kavanaugh, para ocupar uma vaga na Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos, a um mês de eleições legislativas que se anunciam muito disputadas.
"Aplaudo e parabenizo o Senado pela confirmação do nosso formidável candidato", destacou no Twitter o presidente americano, que defendeu firmemente Kavanaugh durante todo o processo de confirmação.
O Senado, encarregado de ratificar ou rejeitar as indicações dos integrantes do máximo tribunal, cujos cargos têm caráter vitalício, aprovou por apertada maioria (50-48) a indicação de Kavanaugh, após um processo marcado por acusações de agressão sexual contra o magistrado de 53 anos, quando ele era adolescente.
A votação pôs fim a várias semanas de intensa disputa política, em meio a denúncias contra o juiz, que dividiram a sociedade americana.
Prevê-se que o juiz preste juramento nos próximos dias, incorporando-se à mais alta instância judicial do país, que atesta a constitucionalidade das leis e arbitra conflitos da sociedade (direito ao aborto, pena de morte, casamento homossexual, regulação do porte de armas, proteção do meio ambiente, etc).
A entrada na Suprema Corte deste defensor fervoroso dos valores conservadores colocará os juízes progressistas e, minoria - quatro de nove - provavelmente por várias décadas.
Os democratas e os defensores dos direitos civis se mobilizaram desde a indicação de Kavanaugh, em julho, para tentar evitar sua confirmação, realizando campanhas de propaganda e manifestações destinadas a mudar o voto dos senadores moderados republicanos.
- Área restrita -
A indicação de Kavanaugh deu lugar a intensos protestos em várias cidades americanas. Na sexta-feira, mais de cem pessoas foram detidas em Washington.
Neste sábado, uns 200 manifestantes se reuniram fora do Capitólio, agitando cartazes e repetindo em coro: "Não queremos Kavanaugh" e "Novembro já vem".
As autoridades adotaram uma medida incomum ao cercar o Capitólio para manter os manifestantes distantes do edifício.
Segundo Trump, mulheres em apoio ao juiz ocuparam em massa a área do Capitólio.
"É lindo de ver - e não se trata de manifestantes profissionais, a quem se entrega cartazes caros. É um grande dia para os Estados Unidos!", manifestou-se o presidente pelo Twitter.
Na sexta-feira, Trump disse que o bilionário George Soros, doador do Partido Democrata, estaria por trás das manifestações que se realizaram contra Kavanaugh.
- "Nada" no relatório -
A confirmação de Kavanaugh parecia um fato até que em meados de setembro o testemunho de uma mulher que o acusa de abusos sexuais semeou a dúvida sobre sua probidade e ameaçou sua candidatura.
Hoje professora universitária, Christine Blasey Ford o acusa de tentar violentá-la em uma festa em 1982, quando ambos eram alunos do Ensino Médio.
Estas afirmações caíram como um balde de água fria em um país já muito sensível a temas de agressões sexuais após o surgimento do movimento #MeToo.
Em uma audiência acompanhada por 20 milhões de americanos, Ford, de 51 anos, disse estar "100% certa" de ter sido agredida pelo juiz quando tinha 15 anos e ele, 17.
O magistrado respondeu afirmando sua inocência e se apresentou como vítima de uma campanha orquestrada pela esquerda.
Sob a pressão de legisladores indecisos, o Senado encarregou uma investigação à Polícia Federal, o FBI, que na noite de quarta-feira informou suas conclusões.
O relatório deixou os republicanos satisfeitos. Para eles, não havia nada de comprometedor sobre o magistrado.
Os advogados de Blasey Ford estimaram, por sua vez, que a investigação não foi satisfatória. "Uma investigação do FBI que não incluiu os depoimentos da Dra. Ford e do juiz Kavanaugh não pode ser considerada uma investigação satisfatória", escreveram em um comunicado.
- "Não é o homem indicado" -
Dos quatro senadores que até a sexta-feira haviam reservado seu voto, três - os republicanos Jeff Flake e Susan Collins e o democrata Joe Manchin - anunciaram que apoiariam Kavanaugh.
No campo republicano, apenas Lisa Murkowski disse que rejeitará a indicação. "Brett Kavanaugh não é o homem certo para a Corte neste momento", explicou à imprensa.
Por sua vez, Collins justificou sua opinião ao afirmar que não dispunha de elementos suficientes para corroborar as denúncias de Ford. Esclareceu, ainda, que a ratificação do juiz não quer dizer que o Senado não leve a sério as agressões sexuais.
A incógnita ainda é o impacto que a nomeação de Kavanaugh pode ter nas eleições legislativas de meio de mandato, previstas para novembro.
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