A vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Nadia Murad, disse nesta segunda-feira (8) que quer que os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) sejam julgados por seus abusos contra a comunidade yazidi - da qual faz parte - no Iraque.
A jovem de 25 anos estava entre as milhares de mulheres pertencentes à minoria yazidi capturadas durante a ofensiva do EI no nordeste do Iraque em 2014. Foi submetida durante vários meses à escravidão sexual nas mãos dos extremistas sunistas antes que conseguisse fugir.
Murad recebeu o Prêmio Nobel na sexta-feira passada, junto com o médico congolês Denis Mukwege, "por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado", segundo declarou o comitê norueguês do Nobel.
"Para mim, justiça não se trata de matar todos os membros do Daesh (acrônimo árabe do EI) que cometeram esses crimes conosco", disse em entrevista coletiva em Washington.
"Justiça é levar os membros do Daesh aos tribunais e vê-los admitir na corte os crimes que cometeram contra os yazidis e puni-los por esses crimes", disse.
Desde a contraofensiva lançada pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, o território controlado pelo EI na Síria e no Iraque se fundiu, e muitos extremistas morreram nos combates.
Aqueles que foram capturados no Iraque são geralmente julgados por terrorismo. Mas outros combatentes "que cometeram crimes provavelmente permanecem nas áreas libertadas e vivem entre a população civil", disse Nadia Murad.
Atual embaixadora da ONU para a dignidade das vítimas do tráfico humano, Murad, cujos seis irmãos e sua mãe foram assassinados pelo EI, está em campanha para que as perseguições contra os yazidis sejam consideradas um genocídio.
"Peço a todos os governos que se unam a mim na luta contra o genocídio e a violência sexual", disse.
"Devemos trabalhar juntos para acabar com o genocídio, responsabilizar os perpetradores e fazer justiça às vítimas, especialmente no caso do estupro sistemático cometido pelo Daesh e outros grupos".