A província de Idlib, no noroeste da Síria, é o último grande reduto insurgente e jihadista do país, e escapa em quase sua totalidade ao controle do regime de Bashar al-Assad.
O governo anseia recuperar esta região, amplamente dominada por extremistas e rebeldes, e habitada por civis deslocados de outras zonas rebeldes tomadas após cercos e mortíferas ofensivas.
Um acordo russo-turco, concluído em 17 de setembro, postergou uma iminente ofensiva do regime em Idlib.
- Idlib em guerra -
A província de Idlib tem importância estratégica, por estar localizada perto da fronteira com a Turquia, país favorável à rebelião, e da província costeira de Latáquia, feudo do regime e da família do presidente Assad.
Antes da guerra, a maioria de seus habitantes trabalhava na agricultura, sobretudo, no cultivo de algodão e cereais.
Em março de 2015, o Exército da Conquista (Yaish al-Fatah) - uma coalizão formada por grupos rebeldes islamistas como Ahrar al-Sham, e extremistas como a Frente al-Nusra (ex-facção síria da Al-Qaeda) - se apoderou da cidade de Idlib, cuja população é majoritariamente sunita.
- Aliança rebelde -
Atualmente, 60% da província está sob o controle da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo jihadista dominado pela antiga facção da Al-Qaeda. Mas há importantes grupos rebeldes islamistas ainda presentes.
Em fevereiro de 2018, os grupos Ahrar al-Sham e Nuredin al-Zinki, presentes na fronteira das províncias vizinhas de Aleppo e Idlib, anunciaram sua fusão, apadrinhada pela Turquia. Esta aliança passou a combater o HTS e recuperou localidades.
Em 1º de agosto, outras quatro facções rebeldes se uniram à aliança para formar uma nova coalizão, a Frente Nacional de Libertação.
- Ataques químicos -
As forças do regime foram acusadas inúmeras vezes de terem recorrido a armas químicas na província.
Em 4 de abril de 2017, um ataque com gás sarin em Khan Sheikhun causou 83 mortes, de acordo com a ONU, e pelo menos 87, incluindo mais de 30 crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em outubro, especialistas da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) atribuíram a responsabilidade pelo ataque ao regime.
Em 2016, uma comissão de inquérito da ONU e da OPAQ concluiu que helicópteros militares sírios haviam lançado cloro em dois locais, em Talmenes, em 21 de abril de 2014, e em Sarmin, em 16 de março de 2015.
A comissão também concluiu que o Exército havia realizado um ataque com armas químicas, provavelmente cloro, na cidade de Qmenas, em março de 2015.
Em fevereiro de 2018, 11 casos de sufocamento foram apontados em Saraqeb, e o OSDH citou fontes médicas que relataram um "gás tóxico".
- Na mira -
Em dezembro de 2017, as forças pró-regime lançaram uma ofensiva para reconquistar o sudeste da província. O governo recuperou dezenas de cidades e vilarejos, bem como o aeroporto militar de Abu Duhur.
Após as recentes vitórias do regime em outras partes do país, a província está novamente no centro das atenções.
"Idlib é nosso objetivo agora, mas não é o único", declarou o presidente Bashar al-Assad em 26 de julho.
Em maio, o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, disse que se "o cenário de Ghuta se repetir em Idlib, poderá ser seis vezes pior" em termos de destruição e vítimas.
Trata-se de "2,3 milhões de pessoas, metade das quais já estão deslocadas e não têm para onde ir", apontou.
Em 9 de agosto, forças pró-regime bombardearam posições rebeldes e jihadistas na província e jogaram panfletos, pedindo aos habitantes que se rendessem.
- Acordo ameaçado -
A ONU fez um apelo para que se buscasse "acordos" para impedir um "banho de sangue".
De acordo com o acordo de 17 de setembro, os presidentes russo Vladimir Putin e turco Recep Tayyip Erdogan decidiram criar uma "zona desmilitarizada" sob controle russo-turco. A zona de 15 a 20 km de largura deve servir como uma zona intermediária entre os territórios insurgentes de Idlib e as áreas circunvizinhas mantidas pelo regime.
Sob este acordo, as armas pesadas deveriam ser retiradas da área antes de 10 de outubro. O texto também exige a retirada dos jihadistas deste setor antes desta segunda-feira, 15 de outubro, mas até agora nenhuma retirada foi verificada, o que põe em risco o acordo.
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