O Tribunal Superior Eleitoral decidiu nesta sexta-feira investigar as denúncias de que empresários compraram serviços de envio em massa de notícias falsas pelo Whatsapp para beneficiar o candidato Jair Bolsonaro na campanha presidencial.
O Partido dos Trabalhadores (PT), do candidato Fernando Haddad, havia solicitado ao TSE em Brasília "agilizar os prazos" para o recurso interposto na véspera.
O caso explodiu na quinta-feira, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou que empresas compraram serviços de envio de mensagens em massa para ajudar Bolsonaro, antes do primeiro turno das eleições, no dia 7 de outubro.
Segundo o jornal, uma campanha similar estaria sendo preparada para a próxima semana, nas vésperas do segundo turno, em 28 de outubro.
O PT denunciou esta prática fraudulenta e pediu uma investigação sobre a campanha de Bolsonaro por "abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação digital".
Em sua decisão, o juiz Jorge Mussi deu um prazo de cinco dias aos envolvidos para que apresentem sua defesa, mas rejeitou as medidas cautelares solicitadas pelo PT, como a quebra de sigilo bancário das empresas denunciadas ou apreensões visando se obter provas.
- "Tsunami de mentiras"
Em um comício no Rio de Janeiro, Haddad acusou Bolsonaro de difundir um "tsunami de mentiras" e afirmou que a "justiça deveria se debruçar sobre isso inclusive nessa campanha porque nos estamos a 10 dias do segundo turno".
Bolsonaro lidera as últimas pesquisas com 59% das intenções de voto, contra 41% para Haddad.
"Mensalão, Petrolão; mais de 60 mil assassinatos e 50 mil estupros por ano; apoio às ditaduras venezuelana e cubana; ex-presidente, tesoureiros, ministros, parlamentares, marketeiros, presos e investigados por corrupção... Quem precisa de Fake News quando se tem esses fatos?" - rebateu o capitão da reserva no Twitter.
As redes sociais têm um papel-chave na meteórica corrida de Bolsonaro à presidência, e o capitão conta com mais de 14 milhões de seguidores no Facebook, Twitter e Instagram, contra 2,8 milhões de Haddad.
Apesar dos esforços feitos pelas autoridades, pelos meios de comunicação e pelas próprias plataformas, ninguém conseguiu evitar a livre circulação de notícias falsas pelas redes sociais.
No caso do Whatsapp, os grupos e listas de difusão têm bombardeado sem trégua milhões de brasileiros, já submetidos a mais polarizada campanha eleitoral da história recente, após anos de corrupção, baixo crescimento econômico e aumento da violência.
Segundo um porta-voz do Whatsapp, centenas de milhares de contas foram encerradas no período eleitoral graças a uma tecnologia de "ponta" que identifica "contas com comportamento anormal".
"O WhatsApp baniu proativamente centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil. Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação. Também estamos tomando medidas legais imediatas para impedir empresas de enviar mensagens em massa via WhatsApp e já banimos contas associadas à essas empresas".