Um ex-aliado de El Chapo, testemunha do governo americano em seu julgamento em Nova York, declarou nesta terça-feira que entregou em um restaurante duas malas com entre seis e oito milhões de dólares em subornos ao ex-secretário de Segurança Pública do México, Genaro García Luna, em 2005 e 2006.
Jesús "Rey" Zambada, ex-sublíder do cartel de Sinaloa preso nos Estados Unidos, disse também que o cartel pagou em 2005 "milhões de dólares" em subornos a Gabriel Regino, ex-subsecretário de Segurança Pública da Cidade do México, quando o prefeito era o atual presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador.
Consultado sobre o motivo do pagamento de subornos a Regino, Zambada respondeu que "segundo ele, ia ser o próximo secretário de Segurança e ele estava sendo pago para nossa proteção".
García Luna, que não trabalha mais para o governo, afirmou que a acusação constitui "mentira, difamação e perjúrio" contra sua pessoa, em um comunicado divulgado no México.
Regino também negou as acusações em sua conta de Twitter.
"É falso que durante meu exercício do serviço público tenha recebido qualquer suborno por parte de Jesús Zambada", escreveu.
Na época do primeiro pagamento a García Luna, segundo a testemunha, ele era diretor da Agência Federal de Investigação da Procuradoria-Geral da República, um cargo que ocupou de 2001 a 2006.
No segundo pagamento, de entre três e cinco milhões de dólares e entregue em 2006, segundo a testemunha, era secretário de Segurança Pública do governo de Felipe Calderón, e consequentemente controlava a polícia federal.
As declarações de Rey Zambada foram em resposta ao interrogatório do advogado de Joaquín "Chapo" Guzmán William Purpura, que lhe perguntou longamente sobre declarações que fez a procuradores em Washington DC, após ser extraditado aos Estados Unidos.
A testemunha, que está presa desde 2008 e manejava as operações do cartel de Sinaloa na Cidade do México, foi consultada sobre se em 2005 e 2006 os capos do narcotráfico Arturo Beltrán Leyva, seu irmão Héctor, o Indio, La Barbie e o Grande pagaram 50 milhões de dólares a García Luna para que este lhes desse proteção.
"Isso se dizia", respondeu Rey Zambada, irmão de Mayo, acusado com El Chapo nos Estados Unidos mas foragido da justiça.
"Se Mayo pudesse corromper o presidente do México, faria isso?", perguntou Purpura. "Talvez", disse Rey Zambada.
Em seus argumentos iniciais do julgamento, outro advogado de El Chapo, Jeffrey Lichtman, disse que o cartel de Sinaloa subornou o atual presidente do México e o anterior.
El Chapo Guzmán, acusado de traficar mais de 155 toneladas de cocaína para os Estados Unidos, pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado.
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