Cientistas do Massachussets Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos conseguiram fazer um mini avião voar com propulsão de vento iônico, indicou nesta quarta-feira (21) a revista científica Nature.
Este tipo de propulsão utiliza um campo elétrico para acelerar os íons que entram em contato com o ar e criam um "vento" que faz o avião avançar.
Silencioso, este avião não utiliza um motor de combustão. Portanto, não consome combustível e não produz emissões poluentes.
O protótipo experimental, apresentado nesta quarta-feira na Nature, é um drone composto de uma asa que sustenta um dispositivo de propulsão conectado a uma bateria de alta tensão que produz vento iônico.
O avião, cuja asa tem cinco metros, pesa 2,45 kg. Conseguiu percorrer uma distância de 55 metros a uma velocidade de 4,8 metros por segundo, em uma série de testes nos Estados Unidos.
"É o primeiro voo de um avião que utiliza propulsão eletroaerodinâmica", destacou Steven Barrett, do departamento de aeronáutica do MIT.
"O futuro da aviação não deveria se basear em coisas como hélices e turbinas. Deveria parecer mais com Star Trek, com uma espécie de brilho azul e algo que plana no ar", disse.
O vento iônico é conhecido há 100 anos. "A propulsão iônica foi testada há tempos, mas se abandonou nos anos 1960 já que se constatou que era pouco eficaz a baixa velocidade", indicou Franck Plouraboué, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científico francês (CNRS) na Universidade de Toulouse (França), autor de um comentário sobre o estudo publicado na Nature.
"Nunca antes foi concebido um dispositivo voador por vento iônico, sem levar em conta os 'lifters', pequenos dispositivos de alguns gramas", detalhou à AFP.
A equipe de pesquisadores juntou "conhecimentos recentes (otimização multicritérios, gerador de alta tensão compacto) complementares e de ponta para alcançar um novo objetivo: fazer voar de forma autônoma um drone com essa propulsão", acrescenta o pesquisador, qualificando a etapa como um "sucesso histórico".
"É apenas o começo, mas a equipe do MIT conseguiu algo que pensávamos que não era possível, acelerando o gás ionizado para propulsar um avião", se entusiasmou o engenheiro aeronáutico Guy Gratton, professor da Universidade de Cranfield (Reino Unido), que não participou do estudo.
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