O mundo "não está tomando a boa direção" para frear os efeitos catastróficos da mudança climática - advertiu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nesta segunda-feira, na abertura da cúpula do clima (COP24) que acontece na Polônia.
"Embora sejamos testemunhas de devastadores impactos climáticos que provocam o caos em todo mundo, continuamos sem fazer o necessário, não vamos suficientemente rápido", declarou Guterres no segundo dia da 24ª conferência da ONU em Katowice.
"A mudança climática avança mais rápido do que nós e precisamos alcançar nosso atraso o mais rápido possível, antes que seja tarde demais", insistiu ele, ressaltando que "para muitas pessoas, regiões e até mesmo países, já é uma questão de vida ou morte".
Portanto, "é difícil entender por que, coletivamente, ainda estamos nos movendo tão lentamente, e mesmo na direção errada", acrescentou.
Enquanto os países mais pobres pretendem aproveitar a cúpula para exigir mais compromissos das nações ricas, ele também enfatizou "a responsabilidade coletiva de ajudar as comunidades e os países mais vulneráveis, como Estados insulares e países menos desenvolvidos, apoiando políticas de adaptação e resistência" aos impactos das mudanças climáticas.
O primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, presidente da COP23, aproveitou a oportunidade da reunião para destacar a urgência da ação.
"Que Deus nos perdoe, mas se ignorarmos a evidência irrefutável, vamos nos tornar a geração que traiu a humanidade", advertiu. "Para aqueles que arrastam os pés, eu simplesmente digo 'atuem'", acrescentou, lançando "uma mensagem inequívoca" para aumentar as ambições contra o aquecimento global.
Os representantes de 200 países estão reunidos em Katowice desde domingo para tentar, em duas semanas, dar vida ao Acordo de Paris de 2015, que visa limitar o aquecimento global a +2°C, idealmente +1,5°C, em comparação com a era pré-industrial.
Mas de acordo com o recente relatório dos cientistas do Giec, para manter o aquecimento abaixo de +1,5°C, as emissões de CO2 devem ser reduzidas em quase 50% até 2030 em comparação com 2010. Isto implica uma grande transformação da economia, algo que encontra forte resistência.
Neste sentido, a Polônia, anfitriã do encontro e defensora ferrenha de sua indústria do carvão, quer adotar nesta segunda-feira uma declaração sobre a "transição justa", que enfatize os "desafios" enfrentados pelas regiões que devem deixar os combustíveis fósseis.
"Muitas vezes, a ação climática é vista como um fardo, mas uma ação climática resoluta hoje é a nossa chance de colocar nosso barco de volta na direção certa e traçar o caminho para um futuro melhor para todos", estimou o secretário-geral da ONU.
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