A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, entre eles a Rússia, concordaram nesta sexta-feira (7) em reduzir sua produção em 1,2 milhão de barris diários (mdb) para tentar provocar uma alta dos preços.
Os cortes passarão a ser aplicados em 1 de janeiro, mas nem todos os países produtores participarão da mesma forma. Venezuela e Irã ficarão isentos devido às sanções aplicadas contra os dois países, bem como a Líbia, que não pode garantir uma produção estável devido à guerra civil.
"Os países da Opep contribuirão ao corte com 800 mil barris diários, os não Opep contribuirão com 400 mil barris diários", informou o o ministro do Petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Mohamed al Mazruei, em coletiva de imprensa.
A incerteza tinha marcado o primeiro dia de reunião, após declarações pessimistas do peso-pesado do cartel, a Arábia Saudita.
"Não, eu não acredito" que se alcance um acordo, admitiu na quinta-feira o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khaled al-Faleh, após um primeiro dia de negociações em Viena.
Mas a realidade bateu à porta quando os ministros constaram que há mais oferta que demanda.
Os preços tinham caído mais de 30% em dois meses.
Boa notícia para os consumidores, mas ruim para os produtores, muito dependentes de suas receitas petrolíferas.
O ministro saudita, Jaled al-Faleh, aproveitou as expectativas geradas pela reunião para lançar uma crítica aos países consumidores.
"Aproveito para pedir às nações consumidores para não aplicarem impostos excessivos", afirmou.
Em diversos países não produtores os impostos representam mais de metade do preço do combustível.
O corte será calculado a partir dos níveis de produção de outubro e será reavaliado em abril, informou um porta-voz do cartel, Tafal al Nasr.
O objetivo é que o preço do barril oscile por volta de 70 dólares, em vez dos 60 atuais.
Às 17h15 GMT (14h15 de Brasília), o barril de de Brent do Mar do Norte em Londres custava 62,7 dólares, um aumento de 4,43%.
Chegar a um acordo não foi simples. O ministro russo da Energia, Alexander Novak, lembrou na quinta que, no inverno, as "condições climáticas na Rússia tornavam muito mais difícil de reduzir (a produção) do que para outros países".
- Pressão de Washington -
Por sua vez, a Arábia Saudita deve enfrentar a pressão dos Estados Unidos, numa posição enfraquecida pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul.
Antes da reunião em Viena, o presidente americano Donald Trump, que pressiona a Opep há meses, pediu à organização para não aumentar os preços, preocupado com os consumidores americanos.
O ministro saudita respondeu na quinta-feira que Washington "não está em posição de nos dizer o que devemos fazer", disse ele à imprensa. "Eu não preciso da permissão de ninguém para diminuir" a produção, acrescentou.
Rival político de Riad e terceiro maior produtor da Opep, o Irã propôs um corte de mais de 1 mbd, embora reclame uma isenção para si de qualquer redução por já estar submetido às sanções dos Estados Unidos.
A Opep e seus aliados controlam há dois anos, desde que oficializaram este pacto, aproximadamente metade da produção mundial de petróleo.