Um segundo canadense, Michael Spavor, foi declarado desaparecido na China, país em que estava sendo interrogado pelas autoridades, anunciou à AFP nesta quinta-feira o porta-voz do ministério canadense das Relações Exteriores Guillaume Berube.
"Estamos trabalhando duro para averiguar seu paradeiro", disse Berube à AFP, em referência a Spavor, que residia na China.
"Este canadense nos contactou porque foi interrogado pelas autoridades chinesas", declarou a ministra canadense das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, em entrevista coletiva em Ottawa.
"Não conseguimos manter contato com ele desde que nos avisou (do interrogatório). Trabalhamos para determinar onde se encontra e levamos esta questão às autoridades chinesas".
Segundo o jornal canadense Globe and Mail, Michael Spavor administra uma agência de viagens especializada na Coreia do Norte e ficou conhecido ao ajudar o jogador de basquete americano Dennis Rodman a conhecer o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
De acordo com a imprensa estatal chinesa, o canadense é objeto de uma investigação por "atividades que ameaçam a segurança nacional".
Uma publicação vinculada às autoridades da província de Liaoning, onde Michel Spavor mora, o canadense foi investigado pelo escritório do ministério de Segurança do Estado em Dandong (província de Liaoning, na fronteira com a Coreia do Norte) em 10 de dezembro.
Na terça-feira, Ottawa confirmou a detenção na China de outro canadense, Michael Kovrig, ex-diplomata que trabalha em Hong Kong para o centro de análises International Crisis Group (ICG).
Kovrig é um especialista em nordeste asiático que foi diplomata em Pequim, Hong Kong e na ONU, e desde fevereiro de 2017 trabalhava em tempo integral para o ICG.
A detenção de Kovrig coincidiu com as ameaças de represália de Pequim ao Canadá pela prisão naquele país, a pedido dos Estados Unidos, de Meng Wanzhou, diretora financeira do grupo de telecomunicações chinês Huawei.
Meng, solta sob fiança, é acusada pela Justiça americana de mentir sobre o uso de uma subsidiária para fazer negócios com o Irã, o que viola as sanções de Washington a Teerã.
Pequim justificou a detenção de Kovrig alegando que o ICG é uma "organização não legalmente registrada na China e não declarou suas atividades". "Por conseguinte, se fazia atividades em território chinês, estava violando a lei".
Uma lei adotada em 2016 pelo Parlamento chinês obriga as ONGs estrangeiras a declararem, previamente, suas atividades na China e a passarem por um complexo processo de registro.
Eventualmente, os jornais oficiais chineses definem as ONGs estrangeiras como uma cobertura para espionagem.