A comunidade internacional dará um passo adiante na luta contra a mudança climática? A COP24 tentará nesta sexta-feira adotar as regras para aplicar o Acordo de Paris, que pretende garantir o futuro das próximas gerações.
Reunidos na cidade polonesa Katowice, representantes de quase 200 países chegam ao final de duas semanas de árduas negociações, marcadas pela urgência de atuar de acordo com os mais recentes relatórios científicos, mas também pela rejeição principalmente dos Estados Unidos de considerar a ameaça real.
A incógnita sobre a futura política climática do Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro e os protestos dos "coletes amarelos" na França contra uma taxa ecológica também pesaram no desenrolar da 24ª Conferência da ONU sobre o Clima, três anos depois das celebrações em Paris com o anúncio de um acordo histórico.
Com o aumento da temperatura de 1 grau centígrado em comparação à era pré-industrial e o avanço de 2,7% das emissões de gases do efeito estufa em 2018, os países mais vulneráveis tentaram de buscar o consenso.
"Estou muito decepcionado. Irritado", admitiu à AFP o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama. "Nós já sabemos o que significam as condições extremas. Em 2016 sofremos o ciclone mais potente que já tocou o solo no hemisfério sul: matou 44 pessoas e deixou milhares de desabrigados".
"Em alguns pontos, as negociações estão paralisadas", afirmou na quinta-feira o representante chinês Xie Zhenhua.
Deposi que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climática (IPCC) advertiu em outubro que o mundo não pode permitir um aumento da temperatura superior a 1,5 ºC, o que colocaria em risco o futuro da humanidade, Estados Unidos - que participam nas negociações apesar da retirada do Acordo de Paris decidida por Donald Trump -, Arábia Saudita, Rússia e Kuwait se recusaram a apoiar o relatório.
Os quatro países defendem apenas "tomar nota" do estudo, enquanto União Europeia, os países em desenvolvimento e os Estados insulares querem uma "recepção favorável".
O detalhe é significativo porque toda a ação climática internacional deve ser baseada nos resultados científicos.
Durante a semana, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que não é possível ignorar o documento e pediu a ação dos países. "Seria suicida não fazê-lo", disse.
A polêmica ofuscou as duas questões cruciais abordadas na abertura da COP24: a elaboração das regras para aplicar o Acordo de Paris e a futura revisão dos compromissos nacionais de redução das emissões.
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