Depois de quatro anos de investigações sobre os ataques de janeiro de 2015 na França, cometidos especialmente contra a revista satírica "Charlie Hebdo", a Procuradoria de Paris requisitou um julgamento para 14 pessoas envolvidas em diferentes graus.
Cabe agora aos juízes de instrução antiterrorista decidir encaminhar todos, ou parte desses suspeitos, a um tribunal especialmente constituído.
Todos são suspeitos, no mínimo, de apoio logístico aos irmãos Kouachi e a Amédy Coulibaly, os responsáveis por esses ataques que mataram 17 pessoas em janeiro de 2015.
Por coincidência, este indiciamento foi notificado às partes no momento do anúncio da prisão em Djibuti do jihadista Peter Chérif, próximo dos irmãos Said e Chérif Kouachi.
Uma fonte judicial informou nesta sexta-feira, porém, que Peter Chérif não era alvo de um mandado de prisão na investigação dos ataques de janeiro de 2015 e que ele não foi preso "no contexto de um processo legal francês".
Mas, de acordo com um comunicado da Procuradoria de Paris, três dos 14 suspeitos - Hayat Boumedienne, companheira de Coulibaly, e os dois irmãos Belhoucine - ainda são alvo de mandados de prisão, tendo partido poucos dias antes dos ataques para o Iraque, ou para a Síria. Os dois homens estão supostamente mortos.
As acusações mais pesadas apresentadas pela Procuradoria visam ao mais velho dos irmãos Belhoucine, Mohamed, e uma pessoa próxima a Coulibaly, já em detenção, Ali Riza Polat.
O Ministério Público espera que eles sejam julgados por "cumplicidade nos crimes" cometidos pelos três terroristas.
Ali Riza Polat e Coulibaly são acusados de fornecerem as armas usadas nos ataques. Mohamed Belhoucine é suspeito de apoio logístico e ideológico.
O Ministério Público pede que dez suspeitos permaneçam em prisão preventiva, com um 11º em prisão domiciliar.
Em uma reunião com as partes civis no final de setembro, os magistrados antiterroristas levantaram a perspectiva de um julgamento que duraria cerca de três meses em 2020.
Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Chérif e Said Kouachi, radicais islâmicos, mataram 12 pessoas no ataque ao "Charlie Hebdo" antes de fugirem.
No dia seguinte, Amédy Coulibaly matou uma policial municipal em Montrouge, nos subúrbios de Paris. Em 9 de janeiro, ele matou quatro homens, todos judeus, durante uma tomada de reféns em um supermercado kosher no leste de Paris.
Ele morreu no local, em um confronto com a polícia, logo após os irmãos Kouachi, que se entrincheiraram em uma gráfica em Dammartin-en-Goële, perto de Paris, depois de dois dias foragidos.
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