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Estado de Minas

Sem acordo sobre muro, paralisação do governo americano segue até o Natal

Trump transformou a luta contra a imigração em seu principal objetivo e a construção do muro seria uma realização concreta de uma de suas promessas de campanha


postado em 22/12/2018 19:55 / atualizado em 22/12/2018 20:21

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, falou sobre o tema no Capitólio dos EUA. Os democratas se recusaram a concordar com as demandas do presidente Donald Trump por 5 bilhões de dólares para construir o muro(foto: Alex Edelman/AFP)
O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, falou sobre o tema no Capitólio dos EUA. Os democratas se recusaram a concordar com as demandas do presidente Donald Trump por 5 bilhões de dólares para construir o muro (foto: Alex Edelman/AFP)

A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos se estenderá até o Natal, depois que o Senado suspendeu a sessão, neste sábado (22), sem chegar a um acordo entre o Congresso e a Casa Branca sobre o financiamento do muro na fronteira com o México, que o presidente Donald Trump quer construir para frear a imigração.


"O Senado se reunirá para uma sessão pro forma na segunda-feira, isto é, no [dia] 24 [de dezembro]. A próxima sessão programada será em 27 de dezembro", disse o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, no Congresso.


Trump adiou a viagem à Flórida para passar as festas de fim de ano para dar continuidade às negociações depois que operações de vários serviços-chave do governo suspenderam as atividades no primeiro minuto deste sábado (03h01 de Brasília).


"Estou na Casa Branca, trabalhando duro", tuitou o presidente. "Estamos negociando com os democratas sobre como precisamos desesperadamente de Segurança Fronteiriça (Gangues, Drogas, Tráfico de Pessoas, etc)".


Algumas agências do governo federal fecharam as portas e centenas de milhares de funcionários foram obrigados a entrar em licença, sem direito a salário, enquanto outros devem trabalhar sem receber pagamento.


Para evitar o temido "shutdown" era necessário que o Congresso e a Casa Branca chegassem a um acordo, mas apesar dos esforços de última hora não foi alcançado um acordo sobre o muro, uma das principais promessas de campanha de Trump e para o qual ele deseja cinco bilhões de dólares.


Quase 75% do governo, incluindo as Forças Armadas e o Departamento de Saúde, estão totalmente financiados, o que garante o funcionamento normal. O bloqueio atinge os restantes 25% dos organismos federais, o que pode afetar até 800 mil funcionários.


Embora os serviços de segurança continuem operacionais, os efeitos da disputa orçamentária e a incerteza resultante provocam ventos de caos em Washington, ainda estremecida pela renúncia do secretário de Defesa, Jim Mattis.


Wall Street teve sua pior semana em 10 anos e sofreu fortes perdas nas sexta-feira.


A maioria dos funcionários da Nasa deve permanecer em suas casas, assim como aqueles que trabalham no Departamento de Comércio e muitos funcionários do Departamento de Segurança Interna (DHS).


Os parques nacionais abrirão ao público, mas vários empregados não poderão trabalhar.


Posições irreconciliáveis


A incerteza sobre a duração da paralisação parcial é grande, já que as duas posições parecem irreconciliáveis.


Trump transformou a luta contra a imigração em seu principal objetivo e a construção do muro seria uma realização concreta de uma de suas promessas de campanha.


Durante a sexta-feira, Trump defendeu os méritos de construir um muro na fronteira com o México, que tem o custo avaliado em 5 bilhões de dólares.


Trump disse, ainda, estar pronto para um 'shutdown' orçamentário, enquanto persegue a meta de obter recursos para o muro, o fio conduto de sua política migratória.


Em outubro, uma caravana de migrantes hondurenhos que deixou San Pedro Sula com destino aos Estados Unidos teve muita cobertura da mídia e chamou a atenção de Trump, que alimentou a campanha para as eleições de meio de mandato denunciando uma "invasão".


Para Trump, o muro deve impedir os migrantes que desejam entrar nos Estados Unidos.


Após a sessão de sexta-feira no Congresso, Trump voltou a defender sua postura de maior segurança na fronteira em um vídeo no Twitter que mostra imagens de uma das caravanas de migrantes.


"Esperemos que o bloqueio não dure muito", afirmou, ao pedir que os democratas cedam em sua posição.


Com a perspectiva de falta de verba federal para o muro, Brian Kolfage, um veterano da guerra no Iraque, iniciou um "crowdfunding" que na sexta-feira já somava mais de 11 milhões de dólares, cinco dias após o lançamento.


"Birra"


Na quinta-feira, Trump advertiu que não promulgaria um projeto de acordo a curto prazo que permitiria prorrogar o financiamento do governo até 8 de fevereiro, se este não incluísse fundos suficientes para o controle das fronteiras.


A oposição democrata se nega categoricamente a considerar a ideia.


"O presidente Trump fez birra e convenceu os republicanos da Câmara de Representantes a empurrar nossa nação para um destrutivo 'Trump Shutdown'", afirmaram os líderes democratas no Congresso, Chuck Schummer e Nancy Pelosi, em um comunicado conjunto.


"O presidente Trump queria uma paralisação do governo e agora ele tem isso. Depois de rejeitar uma oferta bipartidária de 1,6 bilhão para a segurança na fronteira que foi aprovada pelo Comitê de Atribuições do Senado, o presidente prefere manter o governo federal dos Estados Unidos como refém", afirmou o senador Bob Menéndez.


David Cox, presidente da Federação Americana de Funcionários do Governo, declarou em um comunicado que "o fracasso em financiar as operações do governo é vergonhoso, inaceitável, e um desperdício completamente evitável de dólares pagos pelos contribuintes".


Trump anunciou que adiaria suas férias na Flórida para acompanhar as negociações.


Na prática, a paralisação ocorre na véspera do Natal e também em uma época em que muitos escritórios estão fechando os balanços no final do ano, o que minimiza seu impacto.


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