Em um discurso incomum antes de sua abdicação, em 2019, o imperador japonês Akihito destacou que o "reconforta profundamente" o fato de seu longo reinado ter sido pacífico, recordando todas as vidas perdidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Akihito também aproveitou o discurso gravado por ocasião de seu 85º aniversário, neste domingo, para enaltecer o povo japonês e a imperatriz Michiko, a primeira plebeia a entrar para a família imperial nipônica e com a qual está casado há 60 anis.
Com uma voz trêmula ao falar do legado da Segunda Guerra Mundial, o imperador citou o "número incalculável" de vidas perdidas durante o conflito, travado em nome de seu pai Hirohito, falecido em 1989.
Também destacou a importância de ensinar aos jovens a História com "exatidão".
"Acredito que é importante não esquecer que durante a Segunda Guerra Mundial perdemos um número incalculável de vidas, que a paz e a prosperidade do Japão do pós-guerra foram construídas graças aos numerosos sacrifícios e aos incansáveis esforços do povo japonês, e transmitir esta História com exatidão às gerações nascidas após a guerra", disse.
"Me reconforta profundamente saber que a era Heisei (a era imperial atual) chega a seu fim sem guerras no Japão".
Durante seu reinado, Akihito sempre divulgou mensagens pacíficas, expressando remorso pelas consequências do expansionismo do Japão durante a primeira parte do reinado de seu pai.
Embora não tenha nenhum poder político, o popular imperador provocou indignação na extrema-direita japonesa. Os ideólogos conservadores não aceitam revisar em demasia o comportamento passado do Japão.
O imperador abandonará o trono no fim de abril, de acordo com uma lei excepcional. Esta é a primeira abdicação imperial no país em dois séculos.
Seu filho mais velho, o príncipe Naruhito, o sucederá no dia 1 de maio.
Akihito destacou que seu reinado representou uma busca para determinar o papel do imperador como "símbolo do Estado", como define a Constituição pacifista do país.
Nascido em 23 de dezembro de 1933, Akihito foi o primeiro imperador que chegou ao trono sob a Constituição de 1947, redigida pelos Estados Unidos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
A Carta Magna afirma que o imperador é "o símbolo do Estado e da unidade do povo, cuja posição emana da vontade popular, que detém o poder soberano".
O imperador também agradeceu a imperatriz Michiko, que foi uma "integrante do povo, mas escolheu percorrer este caminho ao meu lado e, durante 60 longos anos, serviu com grande devoção tanto à família imperial como ao povo japonês".
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