Jornal Estado de Minas

Paralisação do governo americano apaga árvore de Natal de Washington


A árvore de Natal erguida em frente à Casa Branca seguia apagada nesta segunda-feira, terceiro dia de paralisação do governo federal devido a um impasse orçamentário que tem como ponto central a exigência do presidente americano, Donald Trump, de financiar a construção de um muro na fronteira com o México.


Depois que a falta de acordo entre o Congresso e a Casa Branca levou à paralisação parcial do governo federal, democratas e republicanos se culpam reciprocamente pela mesma, que afeta centenas de milhares de funcionários públicos.


Trump adiou suas férias na Flórida por causa das negociações. "Estou sozinho (pobre de mim) na Casa Branca, esperando que os democratas retornem e consigam um acordo imperativamente necessário para a segurança fronteiriça", ironizou o presidente, referindo-se aos artigos publicados pela imprensa sobre as dificuldades de seu governo após uma série de deserções.


O projeto de construção de um muro na fronteira está no centro do debate, e Trump reiterou a necessidade de que o Congresso aprove um orçamento que inclua 5 bilhões de dólares para erguer o muro, uma de suas principais promessas de campanha.


"Praticamente todos os democratas com os quais lidamos hoje haviam apoiado de forma firme um muro ou uma cerca fronteiriça", tuitou Trump. "Foi quando o converti em algo muito importante para a minha campanha, porque as pessoas e drogas estavam entrando em nosso país sem nenhum controle, que eles se voltaram contra", assinalou.


Os democratas se negam a votar o projeto e propõem, em troca, destinar 1,3 bilhão de dólares para melhorar o sistema de vigilância fronteiriça.


As negociações sobre o orçamento federal, suspensas no sábado, devem ser retomadas em 27 de dezembro. Mas "é muito possível que este 'shutdown' prossiga além do dia 28 e até o novo Congresso", indicou o diretor de orçamento da Casa Branca, Mick Mulvaney, neste domingo, ao canal Fox News.


A primeira reunião da nova legislatura está prevista para 3 de janeiro.


Área fechada


Com a falta de orçamento, vários ministérios e agências governamentais fecharam na manhã de sábado, o que deixou 400.000 funcionários públicos em licença não remunerada. Outros 400.000, que trabalham em serviços considerados essenciais (alfândega, segurança aeroportuária, inspeção de saúde, entre outros), são obrigados a trabalhar sem receber salário, em um momento importante das festas de fim de ano.


A paralisação afeta dependências importantes, como o FBI e os departamentos de Segurança Interior, Transportes e Tesouro. Também são afetados os parques nacionais, muito visitados nesta época de feriado, como o Grand Canyon.


Também foi afetado o Mall, esplanada verde situada no coração de Washington, onde fica a Árvore de Natal Nacional. "Área fechada devido ao bloqueio do orçamento federal", diz o cartaz em frente ao monumento. No parque, as lixeiras transbordavam, após dias sem coleta.


Andrea Leoncini e a mulher, Roberta, viajaram de Roma aos Estados Unidos para a sua lua de mel, prejudicada pela paralisação do governo. Na Filadélfia, não puderam visitar o prédio onde foi assinada a Declaração de Independência e a Constituição. Em Washington, encontraram o Arquivo Nacional fechado.


"Esta noite iremos para Nova York, contou Roberta. "Esperamos que isso termine logo, que possamos ver tudo que tínhamos planejado."


A Estátua da Liberdade permanece aberta ao público, graças ao financiamento de suas operações pelo estado de Nova York.


Prejuízos nos mercados


O bloqueio orçamentário é o terceiro do ano, após os registrados em janeiro (três dias) e fevereiro (algumas horas), também provocados pelo tema imigração.

O anterior, de outubro de 2013, durou 16 dias, mas o recorde, de 21 dias, aconteceu em 1995-96.


Em relação a paralisações anteriores, a urgência é menos palpável, já que, neste caso, afeta apenas 25% do governo, com cerca de 75% do orçamento já aprovados.


Nesta segunda-feira, Wall Street fechou com baixa de quase 3%, consolidando o rumo negativo, depois que, na semana passada, o mercado registrou a pior perda semanal desde 2008, ante a incerteza envolvendo a paralisação do governo e a ameaça de desaceleração da economia.

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