O mexicano Alfonso Cuarón conquistou, neste domingo (6), dois Globos de Ouro com "Roma", o aclamado drama inspirado em sua infância.
O filme em preto e branco levou as estatuetas de melhor filme em língua estrangeira e melhor direção, e se posiciona com mais força na corrida para a premiação do Oscar.
"O cinema constrói pontes para outras culturas e, enquanto cruzamos estas pontes, esta experiência e estas novas formas, precisamos entender que, embora pareçam estranhas, são familiares. Precisamos entender que temos muito em comum", disse o mexicano na cerimônia realizada em Beverly Hills.
A grande surpresa da noite foi "Bohemian Rhapsody", uma homenagem à vida do lendário Freddie Mercury e a sua banda Queen, que ganhou na categoria de melhor drama, o prêmio mais importante da noite, e de melhor ator de drama, com Rami Malek.
"Obrigado a Freddie Mercury por me dar a alegria da vida. Isso é para você!", disse Malek al recibir la estatuilla.
"Nasce uma estrela", o drama musical dirigido e protagonizado por Bradley Cooper junto com Lady Gaga, e favorito para melhor drama, ficou apenas com uma estatueta, a de melhor canção original.
"Como mulher na música, posso dizer que é muito difícil ser levada a sério", afirmou a cantora, que também foi indicada na categoria de melhor atriz, prêmio este que ficou com Glenn Close ("A esposa").
"Somos mulheres e mães. Temos nossos filhos e nossos maridos (...), mas temos que encontrar a realização pessoal, temos que seguir nossos sonhos", disse Glenn Close em um emocionado discurso.
O grande vencedor, com três estatuetas, foi "Green Book - o guia". O filme recria uma viagem ao sul dos Estados Unidos nos tempos segregacionistas na década de 1960 do pianista negro de música clássica Don Shirley (Mahershala Ali) e seu motorista Tony Vallelonga (Viggo Mortensen).
Conquistou os Globos de melhor roteiro, melhor comédio e melhor ator coadjuvente para Ali.
"Don Shirley era um grande homem e um gênio menosprezado que não podia tocar a música que queria simplesmente pela cor de sua pele", afirmou Nick Vallelonga, filho de Tony Vallelonga.
"Continuamos vivendo em tempos de divisão, e este filme é para isso, é para todos. Se eles conseguiram encontrar um terreno comum aqui, todos podemos", completou.
- Diversidade -
Christian Bale ganhou como melhor ator de comédia e agradeceu a Satanás pela "inspiração" para interpretar o ex-vice-presidente Dick Cheney em "Vice". Olivia Colman levou o prêmio de melhor atriz de comédia por "A favorita".
Já Regina King venceu na categoria de melhor atriz coadjuvante por seu papel em "If Beale Street Could Talk", que conta a história de uma jovem afro-americana que, com o apoio da família, tenta limpar o nome do marido, injustamente acusado, e provar sua inocência antes do nascimento do filho do casal.
Ao receber o prêmio, King lembrou o movimento Time's Up, que pede mais igualdade na indústria.
"A razão, pela qual fazemos isso, é porque entendemos que nossos microfones são grandes e falamos por todo mundo", afirmou. "E quero dizer que vou usar minha plataforma para anunciar que, nos próximos dois anos, tudo o que produzir - vou fazer uma promessa que será difícil - será 50% mulheres", acrescentou.
Acompanhado de Sandra Oh, a primeira asiática a apresentar este evento, o anfitrião Andy Samberg prestou uma homenagem à diversidade nos filmes indicados, destacando, por exemplo, "Pantera Negra", "If Beale Street Could Talk" e "Podres de ricos", com atores negros e asiáticos.
"Não estão indicados esta noite, porque tiveram ressonância em audiência que Hollywood normalmente ignora. Estão aqui, porque contaram histórias que tocaram a todos, e isso é algo maravilhoso", afirmou.
No tapete vermelho, muitos atores usavam pulseiras do movimento Time's Up, que nasceu há um ano neste mesmo local com um protestos de artistas vertidos de preto.
"Homem-Aranha no Aranhaverso", que apresenta um novo Homem-Aranha negro e latino, ganhou o prêmio de "melhor animação".
"The Americans" se despediu com o troféu de melhor série dramática, enquanto "The Kominsky Method" recebeu prêmios por melhor série de comédia e por melhor ator: o duas vezes ganhador do Oscar Michael Douglas.
"Devo tudo isso ao senhor Chuck Lorre" que "acha que ficar velho é engraçado", brincou o ator, de 74 anos, que tem quatro Globos de Ouro, incluindo um honorário.
Ele dedicou o prêmio ao pai, de 102 anos, o lendário Kirk Douglas.