O parlamento grego aprovou nesta sexta-feira o acordo histórico sobre o novo nome da Macedônia, pondo fim a uma questão que dificultou durante anos as relações entre os dois países vizinhos.
Mais de 151 deputados dos 300 que compõem o Parlamento ratificaram este acordo que abre caminho para a adesão da República da Macedônia à União Européia (UE) e à Organização da Aliança Atlântica (OTAN), até agora bloqueada pelo veto grego.
Após a votação, o primeiro-ministro Alexis Tsipras congratulou-se pelo "dia histórico". Seu colega macedônio, Zoran Zaev, parabenizou "seu amigo" Tsipras por essa "vitória histórica".
"153 votaram sim, 143 não e um deputado se absteve", anunciou o presidente da Câmara, Nikos Voutsis, após a votação.
O pequeno país balcânico agora se chamará "República da Macedônia do Norte".
A votação acontece após três dias de acalorados debates e confrontos entre a esquerda de Alexis Tsipras e a Nova Democracia.
"Hoje é um dia histórico. Resolvemos uma questão entre nosso país e a Macedônia do Norte, que abre uma nova era não apenas para as relações bilaterais, mas também para todos os Bálcãs", disse o porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopoulos na rádio Kokkino, pouco antes da votação.
O texto que rebatiza a antiga República Iugoslava da Macedônia (ARYM) em "República da Macedônia do Norte" foi adotado após quase 40 horas de acalorado debate e uma contagem de votos pontuada por vaias. Um deputado de extrema direita gritou "Não à traição" ao votar "Não".
Além da questão do nome, o chamado acordo de Prespes (ou Prespa) é também a porta de entrada para a UE e à Otan para esta antiga república iugoslava, encravada entre a Albânia, o Kosovo, a Sérvia, a Bulgária e a Grécia.
Atenas vetava essa adesão até que o acordo fosse ratificado.
Mas o texto grego-macedônio, assinado em 17 de junho sob mediação da ONU, está longe de ser trivial para a população grega.
A mobilização não enfraqueceu contra o novo nome da Macedônia.
"Até o final, vamos nos opor a este acordo, mesmo que seja votado pelo parlamento, vamos continuar a mostrar a nossa insatisfação", disse Michalis, um homem de 30 anos que vive no Peloponeso, respondendo na quinta-feira à noite ao apelo de organizações que defendem a natureza grega da Macedônia.
A manifestação que reuniu milhares de pessoas terminou em breves confrontos em frente ao parlamento, onde os deputados ainda debatiam.
No domingo, incidentes violentos foram registrados durante uma manifestação de cerca de 100.000 pessoas na Praça Syntagma.
O governo acusou os extremistas do partido neonazista Aurora Dourada de tentar invadir o parlamento.
Para os gregos, o termo Macedônia pertence apenas à sua herança histórica e à província epônima do norte do país, terra natal de Alexandre, o Grande.
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