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Estado de Minas

Estudo aponta que algumas bactérias podem estar ligadas à depressão


postado em 04/02/2019 15:44

Bactérias presentes no nosso intestino podem afetar nosso equilíbrio mental e, sobretudo, na probabilidade de sofrer de depressão, de acordo com um estudo em grande escala divulgado nesta segunda-feira.

Uma equipe de pesquisadores belgas analisou amostras de fezes de mais de 1.000 voluntários e descobriu que duas famílias de bactérias eram sistematicamente menores em pessoas depressivas, incluindo naquelas sob tratamento antidepressivo.

O estudo de uma população de controle de 1.000 holandeses validou essas conclusões de uma ligação estatística entre o número de certas bactérias e o nível de bem-estar e saúde mental, explica o artigo publicado na revista científica Nature Microbiology.

O estudo não estabelece uma causa e efeito, diz Jeroen Raes, um dos autores, acrescentando que a compreensão das ligações entre intestino e cérebro está engatinhando.

As famílias de bactérias envolvidas - Coprococcus e Dialister - são conhecidas por terem propriedades anti-inflamatórias.

"Mas também sabemos que a inflamação do tecido nervoso desempenha um papel importante na depressão, por isso nossa hipótese é que os dois estão ligados de uma forma ou de outra", disse à AFP o professor de microbiologia na Universidade KU Leuven.

"A ideia de que substâncias derivadas do metabolismo de micróbios podem interagir com o nosso cérebro - e, portanto, com o nosso comportamento e sentimentos - é intrigante", diz Jeroen Raes.

"Até agora, a maioria dos estudos se concentrava em ratos ou em um pequeno número de pessoas, e os resultados foram mistos e contraditórios", indicou à AFP.

Cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Às vezes descrita como uma "epidemia silenciosa", essa patologia é uma das principais causas dos 800.000 suicídios identificados a cada ano.

Os antidepressivos estão atualmente entre os medicamentos mais prescritos em muitos países, mas esta pesquisa pode abrir caminho para novos tipos de tratamento para esta doença, diz Raes.

"Eu realmente acho que é um caminho a seguir: usar misturas de bactérias como tratamento".


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