Jornal Estado de Minas

Inglaterra e zona do euro revisam em baixa crescimento para 2019

A Comissão Europeia e o Bank of England (BoE) reduziram, nesta quinta-feira (7), suas previsões de crescimento para 2019 na zona do euro e no Reino Unido, em um contexto de incerteza em torno do Brexit e de desaceleração econômica mundial.

Esta "desaceleração" de deve, em grande parte, a fatores externos, como "a grande incerteza a respeito das políticas comerciais, especialmente (a disputa) entre Estados Unidos e China", declarou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Piere Moscovici, durante coletiva de imprensa em Bruxelas.

Mas também há fatores internos na zona do euro, "como a desaceleração da produção de automóveis na Alemanha, a forte incerteza sobre a política fiscal da Itália e as tensões sociais na França", acrescentou Moscovici.

A Comissão agora prevê um crescimento de 1,3% no conjunto dos 19 países que compartilham a moeda única em 2019, em vez de 1,9% de seu relatório de novembro passado. Em 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9%, segundo previsões desta quinta-feira.

Mas a correção é menos drástica para 2020, quando se prevê um crescimento de 1,6%, frente ao 1,7% estimado anteriormente.

- Principais economias crescem menos -

Por muito tempo considerada motor econômico da zona do euro, a Alemanha foi particularmente afetada no outono boreal pela entrada em vigor da nova normativa europeia contra a poluição, que desestabilizou as cadeias de produção de várias fabricantes automotivas.

Em consequência disso, Bruxelas agora prevê um crescimento de 1,1% no país em 2019, contra o 1,8% estimado anteriormente.

Contudo, para Moscovici a desaceleração para 2019 é algo "temporário", destacando a boa situação do mercado laboral nesse país.

Na Itália, que entrou em recessão no segundo semestre de 2018, com dois trimestres consecutivos de redução do crescimento, a Comissão Europeia espera para 2019 um aumento do PIB de apenas 0,2%, frente ao 1,2% previsto em novembro.

Trata-se de uma desaceleração severa em comparação a 2018, quando a Itália registro expansão de 1%.

É esperado um crescimento de 1,3% do PIB da França, em vez do 1,6% da previsão anterior.

Já a Espanha, quarta maior economia da zona do euro, continua a liderar o crescimento entre as principais economias, com estimativa de 2,1% de expansão em 2019 - uma redução de um décimo em relação à previsão anterior.

- Inglaterra preocupada com Brexit -

Na Inglaterra, o BoE também reduziu suas previsões de crescimento para 2019 e 2020 a 1,2% e 1,5%, respectivamente, contra 1,7% previstos para os dois anos em novembro passado.

A instituição surpreendentemente não elevou sua taxa básica de juros, votando unanimemente por mantê-la em 0,75%.

Ela continuou a expressar sua preocupação com o Brexit, que já provocou uma desaceleração do crescimento em 2018.

Seu governador, Mark Carney, considerou nesta quinta-feira que a economia britânica "ainda não está preparada" para um Brexit sem acordo. "Embora muitas empresas tenham intensificado seus preparativos, a economia britânica em seu conjunto ainda não estpa pronta para uma saída sem acordo e sem transição", declarou Carney em coletiva de imprensa.

As negociações entre Londres e Bruxelas sobre as modalidades do Brexit estão travadas e, teoricamente, o Reino Unido poderia deixar o bloco em 29 de março sem um acordo de transição - uma partida abrupta muito temida pelo setor financeiro.

"A nuvem do Brexit causa volatilidade a curto prazo nas estatísticas econômicas e, sobretudo, cria uma série de tensões na economia e para as empresas", afirmou o governador do BoE, cujo mandato foi estendido até o começo de 2020 para garantir a estabilidade neste período de incerteza.

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