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Estado de Minas

Airbus anuncia fim da produção do avião gigante A380

Afetado pela falta de pedidos, a aeronave que virou um símbolo da história da aviação teve até devolução de encomendas nos últimos tempos


postado em 14/02/2019 07:06 / atualizado em 14/02/2019 10:19

(foto: KAY NIETFELD / POOL / AFP)
(foto: KAY NIETFELD / POOL / AFP)

A fabricante Airbus anunciou nesta quinta-feira o fim da produção do A380, o emblemático avião gigante com capacidade para até 850 passageiros e em serviço desde 2007, uma vítima da falta de pedidos.


Os últimos exemplares do modelo serão entregues em 2021.


Abandonado pelas principais companhias aéreas, o programa A380 havia sido mantido graças a uma redução da produção, que passou de 27 aeronaves em 2015 a uma por mês em 2018.


No ano passado, a principal cliente do A380, a companhia Emirates deu um pouco de oxigênio ao projeto com um pedido de 36 aviões, mas o auxílio durou pouco.


Há alguns dias, a Emirates suspendeu o pedido de 39 exemplares do A380.


"Após uma revisão de suas operações, a Emirates reduzirá seus pedidos de A380 em 39 aviões, o que significa que restam 14 A380 na pasta de pedidos a entregar à Emirates. Como consequência desta decisão, e por falta de pedidos de outras companhias, as entregas do A380 serão interrompidas em 2021", anunciou o presidente da Airbus, Tomas Enders.


O "Super Jumbo" da Airbus não resistiu à concorrência dos novos aviões com dois motores de longa distância, como o 787 da Boeing.


Para competir com o 787, a Airbus lançou o A350, mais rentável.


O preço de catálogo do A380 é de 445,6 milhões de dólares.


Após um acordo com a Airbus, a Emirates substituiu o pedido cancelado de 39 A380 pela compra de 40 exemplares do A330neo e 30 A350, por 21,4 bilhões de dólares.


"A Emirates apoiou o A380 desde o primeiro momento", afirmou o xeque Ahmed ben Said Al Maktum, presidente da companhia do Golfo, citado em um comunicado que confirma a entrega de 14 aeronaves até 2021.


"O avião continuará sendo um pilar da frota da Emirates", completou.


A companhia aérea transformou o A380 em um símbolo de luxo, com cabines privadas com ducha e um salão com bar.


Em sua trajetória, a Airbus recebeu 321 pedidos de A380, 178 deles da Emirates.


A empresa aeronáutica informou que iniciará negociações com os sindicatos para determinar o futuro dos 3.000 a 3.500 postos de trabalho que podem ser afetados por esta decisão nos próximos três anos.


A Airbus confia que a produção do A320 e o novo pedido da Emirates permitirão suavizar o impacto.


Também nesta quinta-feira, a Airbus anunciou um lucro líquido em 2018 de 3,054 bilhões de euros, uma alta de 29%, dentro da meta da empresa.


O faturamento foi de EUR 63,707 bilhões, um crescimento de 8%.


A Airbus prevê a entrega em 2019 de 880 a 890 aviões comerciais, segundo um comunicado.


"Apesar de 2018 ter apresentado uma série de desafios, cumprimos nossos compromissos e alcançamos uma rentabilidade recorde graças a um sólido rendimento operacional, em especial no quarto trimestre", afirmou Tom Enders.


A Airbus, no entanto, anunciou uma reserva de 436 milhões de euros para este ano, relacionada ao programa do avião de transporte militar A400M.


Em 2017 a empresa fez uma reserva de 1,3 bilhão de euros pelo mesmo motivo e em 2017 de EUR 2,2 bilhões.

Um gigante no ar

 

O A380 era o carro-chefe da fabricante europeia de aviões, concebido como o sucessor do lendário 747 da rival americana Boeing, mas o "Super Jumbo" teve o seu sucesso ofuscado por aeronaves que percorrem menores distância, mas são mais rentáveis.


Maior que um 747, o A380 entrou em serviço em 2007, podendo transportar de 575 a 850 passageiros, graças aos 550 m2 de sua cabine.


O avião pode pesar até 578 toneladas quando totalmente carregado para a decolagem, e tem um alcance de 15.200 quilômetros (9.400 milhas).


É o que produz a menor emissão de CO2 por passageiro por quilômetro.


O A380 oferece o melhor custo por assento do mercado se estiver 100% cheio, de acordo com Sébastien Maire, especialista em aeronáutica da Kea & Partners.


O maior avião de passageiros do mundo, com 232 aeronaves em operação, possibilita a substituição de duas aeronaves com custos operacionais 20% inferiores aos de um Boeing 747.


Mas, para isso, é necessário que esteja lotado, o que está longe de ser o caso em muitas rotas, apesar do congestionamento de aeroportos como Londres ou Los Angeles.


Dado o crescimento do tráfego aéreo, que dobra a cada 15 anos, a Airbus apostava que o A380 acabaria vencendo.


Mas a carteira de encomendas foi limitada e a fabricante europeia foi forçada a diminuir a taxa de produção da aeronave para estender seu ciclo.


Passou, assim, para uma produção de um exemplar por mês em 2018, em comparação com um total de 27 durante todo o ano de 2015. Em 2020, o ritmo deveria baixar para seis aviões por ano.


Programa deficitário


Para reduzir os encargos financeiros, com custos de desenvolvimento de mais de US$ 18 bilhões, a Airbus trabalhou muito para melhorar a produtividade.


A fabricante de aeronaves começou a ganhar dinheiro com cada aeronave entregue em 2015, mas o programa mergulhou no vermelho em 2018.


O A380 devia sua salvação à companhia Emirates. Maior cliente do "Super Jumbo", com 178 aeronaves adquiridas, das quais mais de cem em serviço, deveria, com uma encomenda de 36 aeronaves em janeiro de 2018, garantir ao A380 "uma visibilidade por pelo menos os próximos dez anos", estimou, na época, o chefe da Airbus Tom Enders.


Ao finalmente decidir reduzir suas encomendas, a companhia do Golfo esfriou as expectativas de sobrevivência da aeronave.


Para preservar o futuro de seu gigante, a Airbus também contava com a China, que deveria destronar os Estados Unidos em 2022 como o maior mercado global de transporte aéreo. Mas essa esperança também fracassou.


Porque o A380 sofre de seu gigantismo: o tamanho é seu calcanhar de Aquiles. Faz com que potenciais clientes temam sua rentabilidade, enquanto o preço de compra de um A380 é de US$ 445,6 milhões ao preço de tabela.


Especialmente porque a aeronave não pode pousar em qualquer lugar: com seus dois decks, requer instalações aeroportuárias específicas para embarque e desembarque de passageiros.


São, portanto, os aviões de menor capacidade de distância, como o Boeing 777 ou o Airbus A350, birreatores feitos de materiais compósitos mais econômicos em termos de combustível, que derrotaram o gigante de quatro turbinas, garantindo o sucesso de viagens ponto a ponto, em detrimento dos "hubs".


 



 


 


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