Os curdos sírios devem discutir com Damasco, estimou neste domingo (17) um responsável russo de alto escalão, quando se aproxima a provável retirada americana da Síria, que inquieta os curdos, ameaçados pela Turquia.
"Se não houver mais tropas estrangeiras no nordeste da Síria, acho que a melhor solução seria iniciar um diálogo entre os curdos e Damasco", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, na Conferência de Segurança de Munique.
"Os curdos fazem parte da população da Síria. É claro que sabemos quais são os problemas entre Damasco e os curdos, mas acho que existe uma solução por meio do diálogo", insistiu.
Washington prevê retirar seus 2.000 militares enviados à Síria nas próximas semanas, e pediu que seus aliados formem uma "força de observadores" no nordeste do país para garantir a segurança dos curdos, que combateram no terreno o grupo extremista Estado Islâmico (EI) com o apoio da coalizão.
Mas essa proposta foi rejeitada na sexta-feira em Munique pelos aliados dos Estados Unidos na coalizão, entre eles França e Alemanha, deixando em suspenso o futuro das regiões controladas no norte pela milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), que a Turquia quer neutralizar por considerá-las "terroristas".
"Nossa preocupação, antes e depois da retirada americana, é a segurança da nossa fronteira", disse neste domingo em Munique o ministro turco da Defesa, Hulusi Akar, reafirmando que as YPG "são um grupo terrorista".
"Queremos responder às inquietações do nosso aliado turco, mas queremos evitar que as Forças Democráticas Sírias (FDS, aliança dominada pelos curdos), junto a quem combatemos, sejam maltratadas" após a retirada americana, comentou o enviado especial americano para a Síria, James Jeffrey.
Este prometeu que a retirada será feita por etapas e que Washington conservará "capacidades" na região.
No domingo, a ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, insistiu à imprensa que os curdos sírios não devem se converter nas novas "vítimas" do conflito.
"A solução padrão é um acordo entre o regime sírio e os curdos. Mas isso pode não acontecer, Damasco quer recuperar a sua soberania. Por isso a importância dos russos na questão", indicou à AFP no sábado uma fonte do governo francês.
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