O breakdance deve virar um esporte olímpico. Os organizadores das olimpíadas de Paris-2024 o incluíram nesta quinta-feira em sua lista de esportes convidados propostos para os jogos desse ano na capital francesa, junto à escalada, o surfe e o skate.
A eleição destes esportes atende ao desejo de dar ao evento "uma dimensão mais urbana, mais de esporte de natureza, mais artística", explicou Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador de Paris-2024, durante uma apresentação no bairro parisiense de La Défense.
Estas novidades, que se somariam aos 28 esportes que já estão no programa, ainda precisa ser aprovada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em dezembro de 2020.
O breakdance, uma dança acrobática surgida na cultura hip-hop, estrearia assim nos Jogos Olímpicos de 2024, enquanto que os outros três esportes já estão convidados para Tóquio-2020.
O breakdance esteve nos Jogos Olímpicos da Juventude (JOJ) de Buenos Aires em 2018, sob o formato de duelos ("batalhas") decididos por juízes. Os candidatos podiam se classificar enviando um vídeo pela internet. Esta disciplina está registrada na Federação Mundial de Dança Desportiva (WDSF).
"Na França, no seio da Federação, o hip hop existe há quinze anos, mas sob um formato cênico, não com batalhas. Não há campeonato francês de breakdance, mas algumas competições em nível regional. Ainda falta trabalho", reconhece Charles Ferreira, presidente da Federação Francesa de Dança Desportiva.
O breakdance é um dos elementos fundadores da cultura hip-hop junto com o grafite, o 'deejaying' (DJ) e o rap.
A disciplina não está estruturada em grande medida, com competições organizadas com frequência pelos próprios dançarinos, coletivos ou associações. Só uma grande competição mundial se consolidou por enquanto: a BC One (Break Championship), idealizada há 15 anos pela marca Red Bull.
O COI e o Comitê de Organização francês (COJO) haviam anunciado que o número de atletas seria de cerca de 10.500 para os Jogos de 2024, o que limitava as opções dos esportes coletivos. O COJO havia indicado também que os esportes convidados não iam precisar da construção de novas infraestruturas permanentes.
No total, estes novos esportes deverão reunir cerca de 248 participantes, respeitando a paridade entre homens e mulheres.
- "Para as pessoas" -
As sedes das três disciplinas urbanas (breakdance, skate, escalada) não foram decididas, afirmou Tony Estanguet.
Para o surfe, Biarritz, aliada a outras três localidades costeiras do sudoeste da França (Capbreton, Hossegor, Seignosse), já apresentou uma proposta para acolher a disciplina, assim como Lacanau (perto de Bordeaux).
O orçamento total previsto dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 é atualmente de 6,8 bilhões de euros: 3,8 bilhões do setor privado (COI, patrocinadores, venda de entradas) e 3 bilhões destinados às obras necessárias, sendo que 1,5 bi injetados pelo poder público.
Além dos esportes convidados, os organizadores de Paris-2024 abordaram nesta quinta a necessidade de ter Jogos "dirigidos às pessoas, para as pessoas", segundo as palavras utilizadas por Estanguet.
"Com Paris-2024, os espectadores dos Jogos vão se tornar atores dos Jogos", acrescentou o presidente do Comitê Organizador.
A lista de esportes convidados anunciada nesta quinta reflete a vontade do COI e do COJO de atingir um público jovem. Entre os decepcionados, estão esportes que estão há tempos reivindicando a participação, como o squash, a petanca e o karatê, que vai estar em Tóquio-2020 mas ficou fora de Paris-2024.
Estanguet insistiu na necessidade de "falar com as novas gerações" e destacou a necessidade de se dirigir aos "esportes especialmente vivos nas redes sociais".