Pelo menos 162 militares venezuelanos abandonaram seus cargos e fugiram para o Brasil e para a Colômbia desde sábado, dia 23, quando agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) fizeram cordões de isolamento na fronteira da Venezuela com os dois países, impedindo a entrada de ajuda humanitária, e reprimiram, em alguns casos com violência, manifestações de apoio ao líder opositor Juan Guaidó.
Destes casos, 156 foram registrados nas passagens que ligam regiões venezuelanas aos Estados colombianos de Norte Santander e Arauca, que receberam 146 e dez desertores, respectivamente. Em Pacaraima, no Brasil, buscaram proteção seis sargentos das Forças Armadas do país vizinho.
Os casos mais recentes foram registrados nesta segunda-feira, 25, quando três sargentos da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) desertaram e fugiram da Venezuela para o Brasil. Eles vieram por trilhas na vegetação rasteira, conhecida na região como "lavrado", e foram encontrados por uma patrulha do Exército que fazia inspeções de rotina na fronteira. Um deles apresentava sinais de desidratação, com enrijecimento muscular.
No domingo, três membros da GNB também entraram no Brasil depois de deixarem seus cargos descontentes com a gestão da crise por Caracas e com a situação geral do país.
"Nos quartéis militares, não há comida. Não tem colchões. Nós, sargentos da Guarda Nacional (Bolivariana, GNB), estamos dormindo no chão", contou o sargento Carlos Eduardo Zapata, um dos três primeiros a chegar ao País.
Oficialmente, a fronteira venezuelana com o Brasil continua fechada desde quinta-feira por decreto do presidente Nicolás Maduro. A passagem com a Colômbia foi totalmente bloqueada na noite de sexta-feira, após a realização do Venezuela Live Aid em Cúcuta, cujo objetivo é arrecadar US$ 100 milhões em 60 dias para fornecer ajuda aos venezuelanos..