Jornal Estado de Minas

Tensão aumenta na Caxemira: Índia e Paquistão afirmam ter derrubado aviões

A tensão aumentou um pouco mais nesta quarta-feira entre Índia e Paquistão, que afirmaram cada um ter derrubado aviões "inimigos", em uma dramática escalada entre as duas potências nucleares fronteiriças.

A tensão preocupa a comunidade internacional, que teme um conflito aberto entre os dois países pela disputada região da Caxemira, tema de discórdia há décadas.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, confessou sua preocupação com os acontecimentos: "Podemos nos permitir um passo em falso com o tipo de armas que temos e que vocês têm?", questionou, referindo-se ao arsenal nuclear de ambos os países.

"Se a escalada começar, até onde irá?", lançou durante um breve discurso, em que voltou a pedir à Índia que "vá à mesa de negociações".

Mais cedo, esta manhã, a ministra indiana das Relações Exteriores, Sushma Swaraj, pareceu adotar um discurso apaziguador, afirmando que a "Índia não deseja a escalada".

O Paquistão afirmou que derrubou dois caças indianos em seu espaço aéreo e capturou os pilotos, insistindo que "não quer seguir no caminho da guerra" com o vizinho.

A Índia confirmou, por sua vez, que perdeu um de seus aviões e anunciou ter derrubado um caça paquistanês no espaço aéreo da região disputada da Caxemira.

O Paquistão disse ter fechado o espaço aéreo "até nova ordem". Ao menos seis aeroportos também foram fechados na Índia, onde foram cancelados muitos voos, e uma ampla zona do espaço aéreo ao norte de Nova Delhi foi fechado aos voos civis.

Segundo um porta-voz militar paquistanês, um dos aviões indianos derrubados caiu na área da Caxemira controlada pelo Paquistão, enquanto o outro caiu do lado indiano densamente militarizado.

"Não queremos uma escalada. Não queremos seguir no caminho da guerra", disse o porta-voz militar paquistanês, general Asif Ghafoor, antes de pedir o diálogo com Nova Delhi.

Um dos pilotos capturados está sob custódia e o outro está em um hospital, completou.

Ghafoor afirmou que os aviões foram derrubados depois que caças paquistaneses cruzaram a Linha de Controle, fronteira de Caxemira, para o lado indiano, onde atacaram "objetivos não militares, evitando perdas humanas e danos colaterais".

Em seguida, os dois aviões indianos atravessaram a Linha de Controle para o espaço aéreo paquistanês.

"A Força Aérea paquistanesa estava preparada.

Os dois aviões indianos foram derrubados e os destroços de um caíram do nosso lado da fronteira, enquanto os do outro caíram na parte da Índia", disse.

O porta-voz negou as informações de que um caça paquistanês foi derrubado.

- Guerra no ar -

Pouco depois, o porta-voz do ministério indiano das Relações Exteriores, Rajeesh Kumar, anunciou que um caça paquistanês foi derrubado quando participava em uma operação contra "objetivos militares do lado indiano".

"O avião paquistanês foi observado por forças terrestres caindo do lado paquistanês", disse.

"No confronto, infelizmente perdemos um Mig-21. O piloto está desaparecido em combate. O Paquistão alega que o mantém em seu poder", disse Kumar.

Em um incidente separado, um helicóptero caiu e explodiu nas proximidades de Srinagar, na Caxemira indiana.

Três pessoas morreram, segundo as autoridades.

Os incidentes foram os mais recentes de uma sequência entre os dois países, que enfrentam um momento de tensão desde o atentado suicida em 14 de fevereiro na Caxemira indiana que matou 40 soldados indianos.

Nova Délhi havia prometido represálias e na terça-feira aviões indianos sobrevoaram o espaço aéreo paquistanês para atacar um campo que apresentou como pertencente ao grupo Jaish-e-Mohammed, que reivindicou o atentado de fevereiro.

Este foi o primeiro ataque aéreo indiano no Paquistão desde a guerra de 1971, quando nenhum dos países tinha a bomba nuclear.

Islamabad, que negou que os ataques indianos tenham provocado baixas ou danos consideráveis, prometeu represálias, o que aumenta o temor de um confronto entre os dois países.

- Pedidos de moderação -

A ministra das Relações Exteriores da Índia, Sushma Swaraj, tentou reduzir a tensão e mencionou os ataques de terça-feira como uma ação preventiva contra o JeM, que "planejava outros ataques".

"A Índia não deseja ver uma escalada maior da situação. A Índia seguirá trabalhando com responsabilidade e controle", afirmou a ministra na China, onde se reuniu com os colegas da China e Rússia.

Estados Unidos, China e União Europeia (UE) pediram moderação às duas partes.

"Incentivamos a Índia e oPaquistão a exercer a moderação, e evitar uma escalada a qualquer custo", afirmou em um comunicado o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que conversou por telefone com os chanceleres dos dois países.

A China voltou a pedir moderação às duas partes.

- Arsenal nuclear -

Os incidentes são a primeira crise grande do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, considerado próximo ao influente setor militar paquistanês e que chegou ao poder no ano passado prometendo diálogo com Nova Delhi.

Nesta quarta-feira ele voltou a repetir a oferta de diálogo.

"Peço novamente à Índia que compareça à mesa de negociações. Estamos preparados para qualquer diálogo sobre terrorismo ou qualquer outro tema", declarou em um breve discurso por televisão.

"Podemos nos permitir o mínimo cálculo equivocado com o tipo de armas que eles têm e que nós temos?", questionou, em referência ao arsenal nuclear dos dois países.

O Paquistão negou envolvimento no atentado de 14 de fevereiro na Índia, mas este país acusa o vizinho de apoiar os grupos extremistas.

A região himalaia da Caxemira está dividida entre Índia e Paquistão desde a independência de 1947.

Os dois países vizinhos travaram duas de suas três guerras pela soberania do território.

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