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Estado de Minas

Mudanças climáticas forçam animais do Ártico a alterar sua alimentação


postado em 06/03/2019 16:43

Focas e baleias no Ártico estão modificando seus padrões de alimentação conforme as mudanças climáticas alteram seus habitats, e a maneira como fazem isso pode determinar se elas sobreviverão, segundo um novo estudo.

Pesquisadores aproveitaram conjuntos de dados que abrangem duas décadas para examinar como duas espécies de animais selvagens do Ártico - baleias beluga, também conhecidas como baleias brancas, e focas aneladas - estão se adaptando à mudança de habitat.

A pesquisa concentrou-se na área ao redor de Svalbard - noroeste da Noruega - que está experimentando impactos rápidos da mudança climática e particularmente um "grande colapso nas condições do gelo marinho em 2006 que continua até os dias atuais", disse o pesquisador Charmain Hamilton.

"Tanto as baleias brancas como as focas aneladas foram marcadas em Svalbard antes deste colapso ocorrer para estudar a sua ecologia básica. Repetir a amostragem após o colapso do gelo oceânico ofereceu a oportunidade para um experimento natural", acrescentou Hamilton, que trabalha com o Instituto Polar Norueguês.

Ambas as espécies tradicionalmente buscam alimentos em áreas com gelo marinho e particularmente nas chamadas frentes de geleiras de maré, onde as geleiras se encontram com o oceano.

Mas com a mudança climática derretendo o gelo do mar e levando as geleiras a recuar, os pesquisadores na Noruega decidiram verificar se - e como - os animais nas áreas afetadas estavam se adaptando.

"O Ártico é o indicador da mudança climática", escreveram os pesquisadores no estudo publicado nesta quarta-feira na revista Royal Society Biology Letters.

"Com o ritmo acelerado da mudança inviabilizando a adaptação genética", eles argumentaram que as mudanças comportamentais e na dieta "provavelmente serão as primeiras respostas observáveis dentro dos ecossistemas".

Eles compararam conjuntos de dados produzidos por rastreadores ligados a focas e baleias ao longo de dois conjuntos de períodos de tempo.

Para as focas, eles compararam dados de rastreadores de 28 indivíduos entre 1996-2003 e depois em 2010-2016, e para as baleias eles analisaram dados de 18 animais entre 1995-2001 e de 16 animais em 2013-2016.

Os dados mostraram que duas décadas atrás ambas as espécies gastavam cerca de metade do tempo procurando alimentos em frentes de geleiras e fazendo uma dieta dominada pelo bacalhau polar.

Mas as focas aneladas agora gastam "proporções significativamente maiores de tempo perto das frentes de geleiras de maré", enquanto as baleias brancas se mudaram para outro lugar para procurar comida.

- Refúgio -

"Frentes de geleiras de maré parecem estar servindo como 'refúgio' ártico para as focas aneladas, o que explica porque esta espécie aumentou a quantidade de tempo gasto perto de geleiras", disse o estudo.

As baleias brancas, entretanto, agora "têm áreas de vida maiores e passam menos tempo perto das frentes de geleira e mais tempo no centro dos fiordes".

Os pesquisadores, do Instituto Polar Norueguês e da Universidade de Tromso, especularam que as baleias mudaram sua dieta, aproveitando o fato de que a mudança climática está permitindo que novas espécies de peixes se movam mais para o norte, à medida que as águas se aquecem.

Já as focas mantiveram sua dieta antiga, mas pareciam gastar mais tempo procurando comida nas frentes de geleira.

"O mais surpreendente sobre os resultados foram as mudanças limitadas que encontramos no comportamento das focas aneladas", disse Hamilton à AFP.

"Não está claro por que esta espécie está se tornando mais rigidamente associada às frentes de geleiras de maré e não está procurando peixes e invertebrados do Atlântico em outras áreas dos fiordes."

O estudo aponta que as baleias beluga tendem a ter uma alimentação variada em comparação com as focas e disse que a resposta "flexível" das baleias melhoraria suas chances de se adaptar ao clima em aquecimento.

Por outro lado, a aparente duplicação pelas focas aneladas das suas tradicionais áreas de caça "reflete adaptabilidade e resiliência limitadas".

"É quase certo que espécies e subpopulações que não são capazes de fazer tais mudanças diminuam, talvez até a extinção, onde as áreas de refúgio se tornam limitantes demais para a sobrevivência das espécies", disse o estudo.


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