Os pelos começam a embranquecer e os gestos são lentos. A orangotango Nénette, estrela do histórico zoo do Jardim Botânico de Paris, comemora meio século este ano, uma idade respeitável para a espécie.
Nénette tem uma oficina de pintura. Agarra a paleta preparada por um cuidador e com a boca selecione as cores. Depois, com um dedo, desenha traços sobre o vidro que a separa do público e esfrega sua obra com palha. A orangotango também sabe pintar no papel.
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Na época ainda não entrara em vigor o Convênio de Washington de 1973, que proíbe o comércio de espécies sob risco de extinção e, portanto, comprar um orangotango estava autorizado.
"Nénette chegou em mau estado, tinha uma falange seccionada", declarou à AFP Norin Chaï, veterinário chefe do zoo.
Foi separada de sua mãe muito cedo - orangotangos fêmas cuidam dos filhotes até 10 anos. "O que é incrível de Nénette é que teve quatro filhos e e aceitou cuidar deles tranquilamente", afirmou Chaï, destacando que isto não é habitual nestas situações.
Em liberdade, os orangotangos de Bornéu, espécie em grave perigo de extinção, vivem em árvores a mais de 20 metros de altura.
Através de uma grade, Hano treina Nénette para conseguir levar o atendimento médico sem estresse. Entrega uma colher de pau e pede que toque, por exemplo, a orelha ou o ombro. "Muito bem, bravo, querida", celebra.
A atividade permite administrar os medicamentos ao mesmo tempo que distrai o animal.
"Nénette eu nos conhecemos há 20 anos. Antes era mais complicada, sobretudo com as mulheres. Se conseguisse nos prender, fazia isto, agarrando os sapatos ou os dedos", revela a cuidadora.
Apesar de não ser muito alta, com 110 centímetros, pesa entre 65 e 70 quilos e sua força muscular é considerável.
"Mas ela mudou na última década e agora é mais tranquila. Atingiu a idade da sabedoria", afirma Hano.
Ela teve três parceiros. Os quatro filhos morreram, mas é avó.
Em 2007 foi operada por um grave abcesso no abdômen. Sofre de hipotireoidismo e toma o mesmo substitutivo hormonal que os humanos.
Nénette tem ainda artrose no quadril. "Nós a tratamos como uma idosa", resume Chaï.
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