O total de mortes provocadas pelo ciclone Idai, que atingiu Moçambique e o Zimbábue na semana passada e no fim de semana, pode ultrapassar um total de mil mortos, afirmou nesta segunda-feira, 18, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi.
"No momento, oficialmente registramos 84 mortos. Mas quando sobrevoamos a área esta manhã para entender o que aconteceu, tudo indica que poderemos registrar mais de 1.000 mortes", afirmou, em mensagem ao país. "As vidas de mais de 100 mil pessoas estão em perigo", acrescentou ele.
"Nós vimos corpos na água, é um verdadeiro desastre humanitário", estimou. "Nossa prioridade é salvar vidas. Até o momento, mais de 400 pessoas foram salvas de áreas inundadas", acrescentou.
A passagem do ciclone Idai já deixou mais de 162 mortos em Moçambique e no Zimbábue. Imagens aéreas transmitidas pela organização Mission Aviation Fellowship, mostram dezenas de pessoas que se refugiaram em telhados de prédios sólidos, completamente cercados por água.
O ciclone Idai atingiu o centro de Moçambique na noite de quinta-feira, antes de avançar pelo vizinho Zimbábue, onde, segundo a última avaliação, pelo menos 89 pessoas morreram.
Segundo o último balanço provisório copilado pela AFP com base em fontes oficiais, que poderia aumentar consideravelmente se os temores do presidente forem confirmados, 73 pessoas morreram em Moçambique, incluindo 55 na cidade portuária de Beira (centro), e 89 no Zimbábue, onde as equipes de resgate têm tido dificuldades em alcançar algumas regiões inundadas.
No Zimbábue, "89 pessoas morreram, 86 na região de Eastern Highlands (leste), duas em Masvingo e uma Mashonaland" no leste do país, declarou o porta-voz do governo, Nick Mangwana.
Em Moçambique, os estragos em Beira, cidade de meio milhão de habitantes, são "enormes e terríveis", segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho (FICV), que está envolvido nas operações de resgate.
Cerca de "90% de Beira e seus arredores foram atingidos", acrescentou em um comunicado. Nesta segunda-feira, as ruas da cidade estavam cheias de árvores caídas, janelas quebradas e ferro retorcido, constatou a AFP.
"O ciclone foi extremamente violento e afetou a todos, destruiu famílias, casas, não há palavras para descrevê-lo", disse Mohamed Badate, de 24 anos, funcionário de uma loja de roupas.
Na região, quase 10 mil pessoas foram afetadas, 873 casas foram destruídas e 24 hospitais e 267 salas de aula foram inundadas, de acordo com o relatório da autoridade moçambicana de gerenciamento de desastres.
Em ambos os países, as autoridades temem, no entanto, que o balanço seja pior, com o avanço das operações de resgate. Em Moçambique, "várias barragens cederas ou atingiram seu nível máximo", alertou Emma Beaty, da organização não-governamental Oxfam.
O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que visitou a região, considerou a situação "crítica". O Zimbábue nunca sofreu uma "destruição de infraestruturas deste nível", disse o ministro dos Transportes, Joel Biggie Matiza.
Os socorristas se concentravam nesta segunda-feira na cidade de Chimanimani (leste), onde uma escola foi parcialmente destruída por um deslizamento de terra que deixou pelo menos três mortos.
"Os professores e a equipe administrativa da escola fazem todo o possível para garantir que as crianças fiquem em segurança", disse um pai entrevistado na segunda-feira pela emissora pública ZBC. "Mas a situação está piorando", acrescentou ele, enquanto a chuva continuava a cair nesta região fronteiriça com Moçambique, onde muitas pontes foram levadas pela água.
Diante da catástrofe, o presidente Emmerson Mnangagwa retornou às pressas de uma viagem aos Emirados Árabes Unidos. "Nossa nação está em luto. Me disseram que ainda não acabou. O Exército faz tudo o que pode para alcançar as famílias afetadas", disse ele.
A Associação Médica do Zimbábue (Zima) lançou uma convocação de voluntários para ajudar as vítimas e pediu doações de alimentos, água, gás, roupas, cobertores e barracas.
As fortes chuvas registradas antes da chegada do ciclone já haviam deixado pelo menos 122 mortos em Moçambique e no Malaui, que não sofreu os estragos de Idai. (Com agências)
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