A Sérvia relembra neste domingo o 20º aniversário dos bombardeios da Otan que obrigaram Belgrado em 1999 a retirar suas tropas do Kosovo, encerrando um conflito que deixou mais de 13 mil mortos.
Em várias cidades foram organizadas cerimônias para recordar o início da "agressão da Otan". A principal, na qual participará o presidente sérvio Aleksandar Vucic, será em Nis (sul).
Vucic, um ultranacionalista que se converteu em centrista pró-europeu, declarou no sábado que a Sérvia não tinha medo de "chamar às coisas por seu nome" e afirmou que os bombardeios foram "uma agressão da Otan" contra seu país.
"Necessitamos de uma relação boa e decente com a Otan para não voltar a por a Sérvia numa posição assim, mas também é importante não esquecer nunca os crimes que foram cometidos contra nosso povo e nossos filhos", afirmou.
O ministro da Defesa do país, Aleksandar Vulin, disse que a "Sérvia optou pela neutralidade militar". "Não vamos nos converter num país membro da Otan nem que sejamos o único país da Europa a não fazer parte da Aliança", declarou.
Segundo uma pesquisa recente, 79% dos sérvios são contrários à adesão do país à Otan, contra 10% declarados a favor.
Apesar disso, 43% acreditam que chegou a hora de uma reconciliação com a Aliança, segundo o levantamento realizado pelo Instituto de Assuntos Europeus, citado pela agência Beta.
No dia 24 de março de 1999, a Otan lançou uma campanha de bombardeios aéreos contra a antiga Iugoslávia, da qual faziam parte a Sérvia e Montenegro, para encerrar a repressão dos kosovares albaneses, uma ação sem precedentes contra um Estado soberano em 50 anos de existência da entidade.
A Otan atacou dezenas de alvos militares e infraestruturas, mas as bombas e mísseis lançados acabaram atingindo civis.
Não há um balanço oficial de vítimas das 11 semanas de bombardeios, mas estima-se que oscilam entre 500, segundo Human Rights Watch, e 2.500, de acordo com autoridades sérvias.
No dia 10 de junho de 1999, o dirigente sérvio Slobodan Milosevic ordenou a retirada das tropas do Kosovo. Em julho, a província sérvia foi colocada sob administração da ONU e em 2008 proclamou independência, que Belgrado se nega a reconhecer.