A comunidade de Parkland lidava, nesta segunda-feira, com dois suicídios, com poucos dias de diferença entre si, de estudantes que sobreviveram ao ataque a tiros em uma escola nesta cidade no sul da Flórida no ano passado, que deixou 17 mortos.
Entretanto, um terceiro suicídio chamou atenção nesta segunda, quando foi informado que o pai de uma menina assassinada no ataque em Sandy Hook, outra escola, também tirou a própria vida.
Jeremy Richman, de 49 anos, perdeu sua filha, de 6, no massacre em Connecticut, que matou 20 crianças e seis adultos.
"Esta é uma notícia horrível, devastadora", disse no Twitter o senador deste estado, Chris Murphy.
Na Flórica, o chefe de divisão de gestão de emergências pediu para os legisladores estaduais destinarem mais recursos para ajudar sobreviventes do massacre de Parkland, ao norte de Miami.
"A saúde mental é um assunto bipartidário", disse Jared Moskowitz no Twitter. "Agora que estamos em plenário, é o momento".
Sydney Aiello, de 19 anos, tirou a própria vida na semana passada, após sofrer por um ano com a "síndrome do sobrevivente" - segundo sua mãe disse a imprensa - fenômeno no qual a vítima se questiona por que se salvou da morte.
Um segundo estudante da escola Marjory Stoneman Douglas morreu no sábado no que a polícia chamou de um "aparente suicídio", embora não tenha revelado sua identidade.
A notícia se espalhou nas pequenas comunidades de Parkland e da vizinha Coral Springs. Na noite de domingo, pais, estudantes, funcionários e professores se reuniram de emergência para discutir como melhorar o apoio terapêutico para lidar com o trauma deixado por um dos piores ataques a tiros da história recente dos Estados Unidos.
- 17+2 -
"É um dos muitos encontros com especialistas em saúde mental da cidade e do condado para garantir que nossos estudantes, professores e pais recebam a informação necessária para prevenir o próximo suicídio", explicou Max Schachte, pai de Alex, um dos 17 que morreram no ataque em 14 de fevereiro do ano passado.
"Todos estão levando seriamente esta crise para salvar vidas", acrescentou.
Ryan Petty, cuja filha de 14 anos, Alaina, morreu no ataque, também participou da reunião deste domingo.
"Temos que reconhecer que, após um acontecimento como este, haverá trauma, ansiedade e depressão", disse Petty ao jornal local Sun Sentinel.
Petty acrescentou que o grupo adotou o "Protocolo de Columbia" - uma série de perguntas que podem ajudar familiares e amigos e detectar se alguém corre risco de suicídio. Se as respostas forem positivas, é recomendado entrar em contato com o telefone de prevenção ao suicídio.
"Temos que educar os pais e professores para reconhecer sinais e fazer as perguntas adequadas".
Os pais que participação da reunião vão tentar informar todos os demais por e-mail, redes sociais e ligações, estimulando-os a fazer as perguntas corretas.
No Twitter, ficou popular a fórmula "17+2", para se referir ao número de vítimas fatais que o ataque deixou, ao todo.
"Parem de nos dizer 'já já superaremos'. Ninguém supera algo que nunca deveria ter acontecido", escreveu David Hogg, um dos sobreviventes que alcançou maior notoriedade nacional após o ataque por seu combate à venda liberada de armas.
"O trauma e a perda não somem simplesmente. Você tem que aprender a viver com eles e buscar apoio", afirmou o ativista de 18 anos.
Os suicídios acontecem perto no primeiro aniversário, neste domingo, da Marcha por Nossas Vidas, protesto nacional contra as armas que reuniu milhares de pessoas em Washington.
Entretanto, o superintendente de escolas de Broward - o condado onde fica Parkland -, Robert Runcie, estimulou sobreviventes, amigos e familiares das vítimas a visitar o "Centro de Resiliência" estabelecido em um parque perto da escola, onde há médicos disponíveis toda a tarde.
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