Sob o lema "O vento da mudança", começou nesta sexta-feira o Encontro Mundial das Famílias, que durante três dias reúne na cidade italiana de Verona os ultraconservadores de todo o mundo, pessoas contra o aborto e os direitos dos homossexuais, com o apoio da extrema direita no poder.
O evento, criado em 1997, foi aberto pelo americano Brian Brown, presidente da Organização Internacional da Família, a rede que organiza anualmente o congresso mundial, e que não tem medo de chamar de "canibais" as mulheres que abortam e a homossexualidade de "doença curável".
"Quanto ao aborto, devemos chamá-lo pelo seu nome: o assassinato de uma criança no útero", disse à AFP Massimo Gandolfi, presidente do Family Day na Itália.
A edição deste ano do encontro é realizada na próspera cidade do norte da Itália, transformada em reduto da extrema direita italiana depois de se proclamar em 2018 cidade "pró-vida".
O congresso, apoiado pelo partido de extrema direita Liga de Matteo Salvini, cuja participação foi anunciada no sábado, tem gerado polêmica e confronto com o Movimento 5 Estrela, que compõe a coalizão do governo.
"A visão de mundo defendida neste congresso é da Idade Média, que considera as mulheres como uma submissa", afirmou nesta sexta-feira o líder do M5E e vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, em uma entrevista ao jornal La Repubblica.
Embora o governo italiano tenha retirado o seu logotipo de apoio ao Congresso depois dos protestos de grupos feministas e LGBTs, vários ministros, incluindo o da Família, Lorenzo Fontana, bem como líderes da direita e extrema direita garantiram sua presença e até mesmo seu patrocínio.
Entre os convidados especiais estão o bispo de Verona, Giuseppe Zenti, o presidente da região de Veneto, Luca Zaia, expoente da Liga, o ultraconservador ministro húngaro da Família, Katalin Novak, o líder da Igreja Ortodoxa russa, Dimitri Smirnov, e o presidente da Moldávia, Igor Dodon.
Todos eles figuras conhecidas por seu ativismo ultraconservador, lutando abertamente contra o aborto e o casamento gay.
Em resposta ao "retrocesso de Verona à Idade Média", a organização feminista "Ni una menos" convocou uma passeata para o sábado nessa cidade.