O ator e comediante Volodmir Zelenski, um novato na política, conquistou no domingo, 21, uma impressionante vitória nas eleições presidenciais da Ucrânia contra o atual presidente Petro Poroshenko, abrindo uma nova página de incerteza para o país em guerra e prestes a integrar a União Europeia (UE).
Poucos levaram o humorista de 41 anos a sério quando ele anunciou sua candidatura em 31 de dezembro. Após quatro meses de campanha, focada principalmente nas redes sociais, o ator conquistou 73,1% dos votos no segundo turno da eleição, contra 24,5% do rival, de 53 anos.
Os resultados finais devem ser divulgados pela Comissão Eleitoral, que havia estimado a taxa de comparecimento em mais de 45% da população, na segunda-feira.
"Eu nunca vou decepcionar vocês", prometeu Zelenski aos ucranianos na sede de sua campanha. Ele também agradeceu a seus partidários, antes de se dirigir a "todos os países do espaço pós-soviético". "Olhem para nós! Tudo é possível!"
Cinco anos após a revolução pró-ocidental, conhecida como Euromaidan, violentamente reprimida, os ucranianos mais uma vez decidiram virar a mesa, em um processo eleitoral repleto de golpes baixos, mas marcado pela calma e pelo respeito às regras democráticas.
Neste novo episódio impressionante da onda global anti-elites, o maremoto de Zelenski, que prometeu "quebrar o sistema" sem se desviar do curso pró-ocidental, dá a medida da desconfiança dos ucranianos em relação à sua classe política.
Aos 53 anos, o veterano político Petro Poroshenko foi penalizado pelos diversos escândalos de corrupção em curso desde a independência em 1991, pelas dificuldades econômicas de um dos países mais pobres da Europa e por sua incapacidade de dar fim ao conflito que seu país enfrenta.
Poroshenko admitiu a derrota parabenizou o rival antes mesmo dos resultados oficiais. "Vou deixar o gabinete, mas quero reforçar firmemente: não vou largar a política", prometeu.
Presidente sem maioria
O projeto político de Volodmir Zelenski permanece muito vago.
Os desafios nesta antiga república soviética são imensos. A chegada ao poder dos pró-ocidentais em 2014 foi seguida pela anexação por Moscou da península ucraniana da Crimeia e por uma guerra no leste que matou quase 13 mil pessoas em cinco anos.
Essa crise contribuiu em grande parte para as graves tensões atuais entre a Rússia e os ocidentais, que se impuseram sanções recíprocas.
A confirmação da eleição deste inexperiente presidente será acompanhada de perto pelas chancelarias.
Para Moscou, a vitória de Zelenski mostra "que os cidadãos ucranianos votaram pela mudança", segundo afirmou à agência Ria Novosti o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Grigori Karassin. Ele acrescentou que "o novo governo do país deverá compreender e concretizar as esperanças dos eleitores". (Com agências internacionais).