Mulheres moçambicanas, vítimas do ciclone Idai em março, estão sendo obrigadas a fazer sexo para obter ajuda humanitária, denunciou nesta quinta-feira a Human Rights Watch (HRW), que pediu às autoridades que investiguem esta exploração "cruel".
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Mortos pelo ciclone Idai se aproximam de mil em Moçambique e ZimbábueBrasil envia aviões, equipes e remédios para ajudar vítimas em MoçambiqueONU pede ajuda a MoçambiqueBrasileiros participam de buscas após novo ciclone atingir MoçambiqueMas "em alguns casos, mulheres sem recursos foram forçadas a fazer sexo com autoridades locais em troca de um saco de arroz", acrescentou a ONG.
"A exploração sexual de mulheres que lutam para alimentar suas famílias depois do furacão Idai é revoltante e cruel e deve parar imediatamente", disse Dewa Mavhinga, diretor da HRW para o sul da África.
De acordo com uma trabalhadora humanitária citada pela ONG, as listas de distribuição de ajuda excluem as famílias chefiadas por mulheres.
"Em algumas aldeias, mulheres e crianças não veem comida há semanas, elas fazem qualquer coisa para conseguir comida, inclusive sexo com homens", explicou.
No distrito de Nhamatanda (centro), três mulheres entrevistadas pela HRW relataram que foram forçadas por funcionários locais a prostituir-se.
Quando a distribuição de alimentos começou em 6 de abril, uma delas descobriu que seu nome não constava na lista de beneficiários.
Um líder do Frelimo foi então até sua casa com um saco de arroz, um saco de farinha e um quilo de feijão. "Quando ele chegou, colocou os sacos no chão e começou a se tocar e disse que agora era a vez de agradecê-lo", contou a mãe de família.
"Eu disse aos meus filhos que fossem à casa de um amigo e quando eles foram embora, eu dormi com ele", disse ela, citada pela HRW.
A passagem do Idai por Moçambique fez mais de 600 mortos no país e mais mil na região. Também fez centenas de milhares de desabrigados.
Moçambique, país pobre do sul da África, deverá ser atingido nesta quinta-feira por outro ciclone, Kenneth.
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