A empresa de cruzeiros Carnival tornou-se nesta quinta-feira a primeira empresa processada nos Estados Unidos devido ao uso indevido de propriedades confiscadas em Cuba pela revolução de Fidel Castro em 1959, informou o advogado dos autores da ação, Bob Martinez.
A Carnival Cruise Lines, sediada na Flórida, teve processo aberto assim que essa possibilidade foi autorizada pelo governo de Donald Trump, disse a jornalistas o representante legal de Javier García Bengochea e Mickael Behn.
O governo de Trump abriu esta possibilidade quando ativou, em 17 de abril, o "Título III" da lei Helms-Burton de 1996, suspensa sistematicamente desde então pelos governantes americanos para evitar atritos com seus aliados com interesses econômicos na ilha.
Bengochea e Behn estão pedindo reparações pelo usufruto dos portos de Santiago de Cuba e Havana, por um valor que, segundo os advogados, será de dezenas de milhões de dólares.
"Somos os primeiros a anunciar ações judiciais sob a lei Helms Burton contra a Carnival", disse Garcia Bengochea, que afirma ser o legítimo proprietário do porto de Santiago.
"Carnival foi a primeira linha de cruzeiros a se beneficiar de nossa propriedade roubada, então eles merecem a ignominiosa distinção de serem os primeiros a serem processado sob esta lei", acrescentou.
Behn, que reivindica seus direitos nas docas de Havana, não escondeu sua emoção ao ler uma declaração.
"Na década de 1960, os irmãos Castro e seus amigos do Partido Comunista roubaram a propriedade de meu avô (...) Podemos finalmente obter justiça depois de 60 anos", afirmou.
O processo contra a Carnival é uma das centenas que podem atingir quem usa as propriedades nacionalizadas pela revolução de Fidel Castro.
"Haverá centenas de ações judiciais", disse Nick Gutierrez, consultor jurídico e presidente da Associação Nacional de Proprietários de Terra Cubanos, uma das entidades que mais lutou pela aplicação total da lei Helms-Burton.
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