(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Leopoldo López, um novo foco de tensão entre Espanha e Venezuela


postado em 03/05/2019 14:31

Ao hospedar Leopoldo López na residência de seu embaixador em Caracas, a Espanha está significativamente envolvida na crise venezuelana e isso implicará um novo foco de tensão nas espinhosas relações entre Madri e Chávez, segundo analistas consultados pela AFP.

Libertado de sua prisão domiciliar na rebelião militar em 30 de abril, o líder da oposição tem se refugiado desde então com sua família na residência do embaixador espanhol em Caracas como "hóspede", como insiste o governo espanhol.

Após o mandado de prisão emitido na quinta-feira por um tribunal em Caracas, Madri foi firme: descartou em um comunicado a possibilidade de entregar Lopez às autoridades venezuelanas e recordou a inviolabilidade da residência diplomática.

"Isso complica muito as já difíceis relações entre o governo espanhol e o governo venezuelano", diz Ernesto Pascual, doutor em relações internacionais na Universidade Aberta da Catalunha (UOC).

"Além disso, isso a crise seria agravada se Leopoldo López começar a usá-la para fazer reuniões e contatos de lá", acrescenta Pascual, porque Caracas "acusaria a Espanha de manter um centro de insurgência na residência do embaixador".

O governo espanhol reagiu rapidamente neste sentido depois que López atendeu à imprensa na quinta-feira da residência do embaixador e previu "mais movimentos no setor militar" contra o regime de Nicolás Maduro.

"A Espanha não permitirá que sua embaixada se transforme em um centro de ativismo político", disse o ministro das Relações Exteriores Josep Borrell durante uma visita no Líbano, anunciando que regularão os contatos do líder opositor.

- Espanha, forçada a se envolver mais -

A situação é incômoda para o governo do socialista Pedro Sánchez, assegura Anna Ayuso, especialista em América Latina do centro de estudo de assuntos internacionais CIDOB da Barcelona.

"Ele deve manter uma posição crítica com Maduro mas, vendo as fraquezas que tem a oposição, deve negociar com ambos", insiste.

Embora em sua chegada ao poder em junho tentou reconduzir a relação com Caracas, muito conflitante com seu antecessor conservador Mariano Rajoy, em fevereiro reconheceu Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela.

Para Pascual, da UOC, essa crise pode ser "uma oportunidade" para Sánchez e sua aposta por reimpulsionar a influência espanhola na política latino-americana.

"Deveria ser a porta para que a Espanha tentasse retomar ou, tomar pela primeira vez, uma posição realmente de liderança para solucionar o problema", disse o especialista.

Para Ayuso não é uma oportunidade, considerando-se a "caótica" situação venezolana, mas ele acredita que Madri "não tem outro remédio".

Até agora, a Espanha havia realizado seus esforços principalmente através da União Europeia e o Grupo de Contato Internacional, formado por oito países europeus e cinco latino-americanos.

Assim defendia a celebração de novas eleições presidenciais e defendia um processo pacífico diante das soluções insinuadas de Washington.

"Até agora a Espanha não queria entrar no plano bilateral (...) Ao se introduzir o fator López, a Espanha necessariamente deve ter essa posição bilateral", explica Ayuso.

- Repercusões internas na Espanha -

A crise pode ter consequências internas para Sánchez depois de sua vitória nas eleições legislativas de domingo e a escassas três semanas das eleições municipais, regionais e europeias no país.

Por um lado, a direita "exige que ele seja mais duro com Maduro" e, por outro, a esquerda radical do Podemos, seus aliados mais prováveis nesta legislatura, "o acusam de apoiar os golpistas", disse Ayuso.

"Já é costume há anos que se instrumentalize a Venezuela nos temas internos da Espanha", lamentou na rádio pública RNE o embaixador venezuelano em Madri, Mario Isea.

Dada a espinhosa situação, tanto Ayuso como Pascual acreditam que Madri e Caracas vão querer resolver rapidamente o assunto.

A imprensa espanhola especula uma possível negociação entre ambas partes para permitir que López viaje para a Espanha, onde já reside atualmente seu pai e outros opositores venezuelanos como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma.

"Maduro pode seguir uma estratégia muito castrista: abrir as portas para que os opositores fujam", opina Pascual.

"Tem uma vantagem, pois isso desmantelaria a oposição interna, mas também a desvantagem de formar uma frente compacta como o bloco cubano de Miami ou de criar um bloco venezuelano de Madri", acrescentou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)